EM DESTAQUE

  • RUA ARAÚJO….É hora de ir a putaria. Conto de Eduardo Quive
  • FESTIVAL INTERNACIONAL SHOWESIA – levando a mensagem sobre a Paz no Mundo através da arte
  • VALE A PENA GASTAR 111 MILHÕES USD PARA ALTERAR A LÍNGUA?
  • Feira do Livro da Minerva Central na 76ª Edição em Maputo”.
  • SEGUIDORES

    LEIA AQUI A EDIÇÃO 51

    Pub

    Amar. Possuir.

    De: Sutra 

    Não posso.
    Mas se eu quero e tu queres, porquê privar-nos do que desejamos?
    Não sabes? 
    Não penses naquilo que vês. Sente apenas. Fecha os olhos. Crava os dedos no peito. Sentes o que bate? É a ansiedade daquilo que desejas.
    Achas que isto é a paixão?
    É a tua emoção. É o abraço de dois amantes. O calor do beijo e o pensamento de comunhão entre dois seres. Que se querem. Usufruem. Apaixonam?
    Mas isso é amor.
    Será? Porque não ser antes o desejo insano de posse? De querer fazer. Ter. Agarrar. Entrar no corpo um do outro e possuir até ao mais profundo e íntimo fôlego.
    Possuir é crispar a liberdade. É trancar sentimentos. Fazê-los sangrar. Não é amar.
    Como podes tu definir o que é amar se não amas? Se aquilo que queres, somente desejas. Atrai-te como a luz, ou não fosses mera borboleta que busca, no bater de asas, olhar de cima tudo o que pode abarcar. Mas dizes que não podes. Como se pudesses definir a fronteira dos teus actos. Sentimentos estanques?
    Não sei se amo. Como posso saber, se não sei definir o que é amar? E tu sabes?
    Sinto. Isso basta-me. Não sei quando comecei a sentir, quando começou este bater acelerado no simples resvalar do teu olhar. Mas não aprisiono emoções. Mesmo sem as compreender não me interessa o quanto possam invadir. Ou ferir.
    Não posso. Se não sei amar. Só querer. Desejar. Não dizes que apenas sei ter?
    Sabes querer e saber ter. Porque insistes que não podes se este pode ser o nosso segredo? Porque precisa o mundo de saber de algo que apenas a nós diz respeito?
    Gosto de ti assim. À distância dos poucos espaços de tempo. De encontros escorregadios num quarto normalmente desabitado no centro de Lisboa. Não quero que o mundo saiba de ti. 
    Nem precisa. Mas esse é o teu acto revelador de posse. Aquela que negas como fazendo parte do amor.
    Quem ama não possui. 
    E tu sabes o que é o amor, afinal?
    Sei. Por isso não quero possuir-te por inteiro. Apenas sentir-te. Ter-te hoje. Amanhã. Sempre que a vontade se imponha. Mas não te quero perto o suficiente para te sentir meu. Só assim concebo amar-te. 
    Amas-me, então.
    Amo. Porque não te possuo.
    ___________________________________
    Artigo extraído da site www.contossecretos.com



    0 comentários:

    Enviar um comentário

    Pub

    AS MAIS LIDAS DA SEMANA

    Twitter Delicious Facebook Digg Stumbleupon Favorites More