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    Uma “redescoberta” da literatura africana: Por que só a literatura de lusodescendentes de África é mais conhecida no Brasil?

    De: Adelto Gonçalves (*) -- em Brasil
                                                              
     I
                A Editora da Universidade Federal de Minas Gerais (UFMG) colocou no mercado uma nova colecção, Poetas de Moçambique, em que apresenta antologias dos maiores poetas modernos de língua portuguesa e origem moçambicana. Segundo a editora, os autores escolhidos estabeleceram frequentemente diálogo com a literatura brasileira, especialmente com as obras de Carlos Drummond de Andrade (1902-1987), Cecília Meireles (1901-1964), Vinicius de Moraes (1913-1980) e Manuel Bandeira (1886-1968). Os primeiros volumes são dedicados a José Craveirinha (1922-2003) e Rui Knopfli (1932-1997).
                Craveirinha, primeiro autor africano galardoado com o Prémio Camões, em 1991, é um dos nomes fundamentais da literatura moçambicana. Filho de pai algarvio e mãe ronga, é dono de uma obra concisa, que cobre cinco livros publicados em vida e duas colectâneas póstumas, além de dezenas de poemas espalhados em periódicos e antologias. Este livro reúne os principais poemas do autor com nota biobibliográfica de Emílio Maciel.
                Já Rui Knopfli produziu uma encorpada e original obra literária durante o período colonial. Seus poemas seleccionados estabelecem diálogo com as principais tradições clássicas e modernas da poesia. O livro traz posfácio com texto crítico e nota biobibliográfica de Roberto Said.
                Ao mesmo tempo, a Ateliê Editorial, em parceria com a Fundação de Amparo à Pesquisa no Estado de São Paulo (Fapesp), acaba de lançar Portanto... Pepetela, organizado por Rita Chaves e Tania Macêdo, professoras de Literaturas Africanas de Língua Portuguesa da Universidade de São Paulo (USP). O angolano Pepetela, nascido Artur Carlos Maurício Pestana dos Santos, ganhador do Prémio Camões de 1997, é talvez o mais importante romancista de seu país. Com apresentação do moçambicano Mia Couto, o livro reúne 38 artigos e ensaios de estudiosos da obra de Pepetela.
                Nada mais alvissareiro do que essa “redescoberta” da literatura africana de expressão portuguesa. Mas desses três autores, apenas José Craveirinha é resultado da mistura do sangue português com africano. O que se espera é que esse interesse não se restrinja apenas a autores lusodescendentes, mas seja aberto a todos os africanos que fazem literatura em Língua Portuguesa.

                                                               II
                Nada contra Pepetela, Agualusa, Mia Couto ou Luandino Vieira, nomes hoje incontestáveis no panorama da literatura africana de expressão portuguesa. O que se estranha é por que só descendentes de portugueses que nasceram em terras africanas têm largo espaço nos veículos de comunicação de Portugal e nas universidades de Portugal e do Brasil.
                Basta ver que o livro Portanto... Pepetela traz, ao final, uma lista de 56 teses de doutorado e dissertações de mestrado defendidas em universidades brasileiras sobre a obra de Pepetela. Um exagero, evidentemente, porque há muitos outros autores africanos de expressão portuguesa que poderiam ser estudados. E não o são. Não se quer acreditar que seja por racismo, pois o que se espera é que esse tipo de comportamento seja algo já superado, sem razão de existir neste começo de século XXI.
                Talvez seja ainda a "saudade do império colonial perdido", como disse Patrick Chabal, professor de Estudos Africanos do King´s College, de Londres, para se citar aqui um nome isento destas questiúnculas lusófonas, que impeça os acadêmicos e editores portugueses de enxergar que a lusofonia é uma falácia – que não vai chegar a lugar nenhum – enquanto eles não aceitarem a verdadeira dimensão da língua portuguesa para além da Europa.
                Em outras palavras: Pepetela, Agualusa, Mia Couto e Luandino Vieira fazem parte da última geração de lusodescendentes que, nascidos na África, praticam uma literatura com vivência africana. Dentro de 20 ou 30 anos, quando provavelmente já não estiverem mais neste mundo, quem irá representar a Literatura Africana de expressão portuguesa senão os autóctones ou um ou outro miscigenado?
                Portanto, o futuro da Língua Portuguesa na África vai depender dos naturais desses países por onde os portugueses criaram raízes – e também daquelas regiões que, hoje, sofrem com a opressão de vizinhos que não falam português. É o caso da Casamansa, província do Sul do Senegal, que ainda aspira livrar-se da opressão de Dakar para se tornar um país independente e membro da Comunidade dos Países de Língua Portuguesa (CPLP). Será que em Casamansa não há um único poeta ou escritor que escreva em português? Ou somos nós que não queremos vê-los?
               
                Como diz o escritor moçambicano João Craveirinha, por mais que se assumam "lusófonos", os escritores de tez escura serão sempre os "outros", os outsiders, os ex-colonizados. Entre esses, além de João Craveirinha, pode-se citar de uma enfiada Paulina Chiziane, Ungulani ba Ka Kossa, Nelson Saúte, Noémia de Sousa, Kalungano, Luís Bernardo Honwana e Suleimane Cassamo, de Moçambique; Adriano Mixinge, João Melo, Ondjaki, Victor Kajibanga, Uanhenga Xitu, Ana Paula Tavares, Luís Kandjimbo, de Angola; José Luís Hopffer Almada e Germano Almeida, de Cabo Verde; Abdulai Sila, Hélder Proença (?-2009) e Odete Semedo, da Guiné-Bissau; Alda do Espírito Santo e Tomás Medeiros, de São Tomé Príncipe. E muitos outros.
                O que é preciso dizer – e quase ninguém o faz – é que persistir nessa visão preconceituosa é um erro, que equivale a dar um tiro no próprio pé, pois recusar-se a reconhecer que o futuro da Língua Portuguesa na África depende dos naturais daqueles países é condená-la ao desaparecimento. E olhem que quem escreve isto é um brasileiro de primeira geração, de pai português de Paços de Ferreira, Norte de Portugal, e de avós maternos açorianos.

                                                               III
                Embora o desconhecimento no Brasil acerca dos assuntos africanos seja abissal, não se pode deixar de reconhecer que foi graças aos literatos brasileiros que a Língua Portuguesa continuou viva nas décadas de 1950, 60 e 70 na África de expressão portuguesa, especialmente entre aquela camada mais culta, que gostava de ler Jorge Amado (1912-2001), Érico Veríssimo (1905-1975), Guimarães Rosa (1908-1967) e outros tantos.
                Rui Knopfli mesmo é um poeta fortemente influenciado pela literatura brasileira, além de suas grandes ligações com a poesia portuguesa moderna. De africano, só carrega o fato de ter nascido em Inhambane. Trata-se de um fino poeta, cuja poesia está entre o que de melhor se escreveu em Língua Portuguesa no século XX, mas que, ao contrário de Pepetela que permaneceu em Angola e lutou contra o colonialismo, deixou Moçambique tão logo o país se separou de Portugal. Jamais se assumiu "moçambicano" no anterior e muito menos no atual contexto africano e sociopolítico do pós-independência. Assumiu-se, sim, como um português de Moçambique agastado com os "pretos" da Frente de Libertação de Moçambique (Frelimo) que queriam ser iguais aos "brancos".
                A visão que Knopfli tinha da África era eurocêntrica, de um colono que pertencia a uma elite colonial intelectual que, provavelmente, sonhava com um Moçambique semelhante à Rodésia ou à África do Sul sem apartheid, mas com os chamados “brancos” a mandar nos "pretos", ou seja, “cada macaco no seu galho", para se repetir aqui uma expressão politicamente nada correta que se ouve ainda neste Brasil de racismo disfarçado. A lusitanidade européia de Knopfli sempre falou mais alto.
                Quem conhece a vida moçambicana pré-independência sabe muito bem que Knopfli atacara a arte banta do escultor Alberto Chissano e do pintor Malangatana em termos depreciativos, como a dizer que eles nunca poderiam ascender a artistas plenos em razão de sua origem "primitiva", tal como os "bons selvagens" de Jean-Jacques Rousseau (1712-1778), que seriam congenitamente limitados. Isto está na Revista Tempo, de Lourenço Marques (hoje Maputo), dos anos 1970-1971. Quem duvidar que consulte na Biblioteca Nacional de Lisboa a coleção da revista. Mas é claro que isto ninguém gosta de lembrar.
                Como se sabe, na África os conceitos não são os mesmos vigentes no Brasil, nos Estados Unidos e na Europa em relação ao ser e estar africano. Até porque na África os "nativos" não foram exterminados como os ameríndios nas Américas. E, como continuam a sê-lo no Brasil em pleno século XXI. Para se ter um exemplo desse holocausto, basta ver que os traços indígenas hoje são pouco perceptíveis no brasileiro médio, exceto talvez no homem do Centro-Oeste e do Amazonas, ao contrário do que se pode constatar no Chile, no Paraguai, na Bolívia, no Equador e até na antigamente tão conservadora Argentina. Basta ver o que fazem, nos dias de hoje, certos fazendeiros e seus capangas com os caiowás, em Mato Grosso do Sul, sem que as autoridades tomem qualquer providência mais efetiva.
                Na África, os autóctones continuam a ser maioria esmagadora e isso tem um peso enorme na consciência dos africanos, mesmo em meio a crises econômicas. Até mesmo porque eles estavam num estágio de desenvolvimento superior ao dos indígenas americanos, o que obrigou a chamada colonização portuguesa a restringir-se a vilas e destacamentos litorâneos. Até mesmo para “atravessar” o comércio da escravatura, os portugueses dependiam de nações africanas que traziam subjugados seus inimigos para comercializá-los nas praias. Com isso, a ocupação européia, de um modo geral, nunca conseguiu apagar no homem africano o grande sentimento de pertença ao legado banto.
                Como tudo isso são águas e ressentimentos passados, o que importa hoje é preservar a Língua de Camões também na África. E essa preservação passa por um apoio mais decisivo em favor da divulgação e estudo da literatura de expressão portuguesa que é hoje praticada por africanos de todos os matizes de pele, indistintamente.

    _______________________
    PORTANTO... PEPETELA, de Rita Chaves e Tania Macêdo (organizadoras). São Paulo: Ateliê Editorial/Fapesp, 2009, 389 págs., R$ 47,00.
    ANTOLOGIA POÉTICA, de José Craveirinha. Organizadora: Ana Mafalda Leite. Belo Horizonte: Editora UFMG, 2010, 198 págs., R$ 38,00.
    ANTOLOGIA POÉTICA, de Rui Knopfli. Organizador: Eugénio Lisboa. Belo Horizonte: Editora UFMG, 2010, 206 págs., R$ 38,00.
    __________________________
    Adelto Gonçalves é doutor em Literatura Portuguesa pela Universidade de São Paulo e autor de Gonzaga, um Poeta do Iluminismo (Rio de Janeiro, Nova Fronteira, 1999), Barcelona Brasileira (Lisboa, Nova Arrancada, 1999; São Paulo, Publisher Brasil, 2002) e Bocage - o Perfil Perdido (Lisboa, Caminho, 2003). E-mail: marilizadelto@uol.com.br

    A busca

    De: Lua Alma – em Maputo


    O tempo escorre-nos, no rio da vida
    Shuaaahhh!!!!
    E no seu leito a voz do amor
    Persegue, assombra
    Onde estás?
    Ah, meu amor. Em que parte desta selva insoniante
     escolhes  camuflar?

    Quando escuto o som da noite
    No retrato da lua,
    Sobre as montanhas negras da
    Musa Gaia
    E os teus rastros confundem-se-me
    Todos,
    Diante dos meus olhos, no húmus dos vermes

    E na nudez do nada
    Onde te espero ver
    Nas cacimbas elouquentes da madrugada,
    Uma sombra de mãos dadas com a esperança
    De sermos!




    Oh! As nossas confidências!
    aquelas gemadas noites depranto
    Que te busquei
    Nas veias de todos meus sentidos
    Mas onde estás?
    Em que paladar da palavra,
    Em qual melodia da voz,
    Que parte dos pêlos?
    Em qual tacto da lágrima??

    E neste rio
    Cheio de sangue
    Nado-lhe, na imensidão, bem no fundo da garganta
    Beijando os cadáveres incessantes de existir,
    Atravessando as míopes loucuras
    Dum coração insano
    O meu!
    Tudo, buscando -te

    E gritam-me os cães do destino
    Grotescas criaturas rasgando a carne da pouca impoética
    prosa que nos resta !!!

    Luto, sozinha com o preto luto
    Numa batalha de desencontros,
    De beijos tímidos que nao partilhamos
    Dos medos e angústias que não exploramos
    Dos olhos que partiram no horizonte

    Mas meu amor,
    Carrego-te no reflexo das águas
    O restante de ti,
    Guardo bem no peito

    E é quando penso vencer,
    Quando penso que estou perto
    que morres-me

    Morres-me amor!
    No utópico nada da última gota
    Nesse vazio que te busco
    Entre o branco papel onde sonhei escrever –te
    No sussuro entre a vida e a morte

    Morres-me!
    Enviuvando o ser que apodrece diante  da miséria
    De se estar vivo
    Enviuvando o ser que caminha sem sombra
    Sem reflexo
    Na foz do sonho
    De morrer te também um dia

    É quem sabe juntos
    Desaguar no infinito (a)mar
    Onde descansam as poéticas almas
    e que como o fénix
    Renascem
    no novo dia.

    Procuro-te

    De: Ruth Boane – em Tete

                                  Não sei ao certo a quem procuro
                                  Vejo ondas a levarem-me para bem longe
                                  Tudo que quero é sair desse mar obscuro.


                                  Procuro-te...
                                 Em tudo o que é lado
                                 Em todas as entranhas do mundo meu
                                 Aquele que só meu Deus me deu.
                            
                                 Ah, procuro-te!
                                 Em tudo o que é canto,
                                  Em todos os oceanos,
                                  Em todos os ramos científicos,
                                  Em todas maravilhas do meu mundo.


                                  Ah, o meu coração está mudo!
                                 
                                   Se ele pudesse falar
                                    Toda a verdade me diria
                                   
                                   Todos os mistérios do mundo meu desvendaria
                                   A todos caminhos claros me conduziria.


                                  Procuro-te...
                               Nos mais belos jardins
                                Nas mais lindas obras literárias.
                             
                                Procuro-te...
                             Sem nunca te ter visto
                             Sem nunca te ter toucado
                             Sem nunca te ter imaginado.


                            Procuro-te...
                         
                            Nas mais verdadeiras verdades
                           Nos maiores mistérios dos misteriosos mistérios.


                          Procuro-te...
                    Não sei onde te posso encontrar
                     Até quando vou ficar nesse obscuro sentimento?
                     Sei que encontrar-te-ei
                      Não sei quando
                      Não sei onde
                      E sei nem como


                          Ah, eu desse jeito lamento
                           Isto virou agora um tormento.


                            Procuro-te...

    IIª GRANDE FEIRA DO LIVRO DE MAPUTO (DE 29 DE ABRIL A 01 DE MAIO)

    Nos dias 29, 30 de Abril e 01 de Maio decorrerá, no Jardim do Parque dos Continuadores em Maputo (FEIMA), a segunda edição da Grande Feira do Livro de Maputo (IIª GFLM).

    A IIª Grande Feira do Livro de Maputo é uma iniciativa conjunta do Conselho Municipal de Maputo e do grupo Culturando, movimento constituído pelos Centros Culturais e missões diplomáticas em Moçambique, concretamente pelo Centro Cultural Brasil-Moçambique-CCBM, pelo Centro Cultural Franco-Moçambicano-CCFM, pelo Instituto Camões em Maputo, pelo Instituto Cultural Moçambique-Alemanhã-ICMA, e pelas Embaixadas da Bélgica, Espanha e Itália, numa parceria que inclui também a FEIMA e o Instituto Nacional do Livro e do Disco (INLD). A Naturalmente é a entidade organizadora do evento, que conta com o patrocínio exclusivo do BCI.
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    A IIª GFLM tem como principais objectivos comemorar o Dia Mundial do Livro, promover o gosto pela leitura e estimular e facilitar o acesso à aquisição de livros a preços promocionais.
    Durante os três dias da Feira, estão programadas diversas actividades ligadas à divulgação da literatura e do livro em geral, com destaque para a homenagem a ser prestada aos poetas Amin Nordine e Malangatana.
    Estão confirmadas as presenças de 27 expositores, entre editoras, livrarias, produtores independentes e Centros Culturais e Embaixadas, o lançamento de 14 livros, conversas e sessões de autógrafos com os autores João Paulo Borges Coelho, Calane da Silva, Mia Couto, Marcelino Dingano, Lina Magaia, Ungulani Ba Ka Khosa, Carlos Serra, Hipólito Sengulane, Jafete Matsimbe, entre outros. A Feira contará também com a presença do escritor e investigador belga Guido Convents e do ilustrador da Guiné Equatorial Ramón Esono, que vai desenvolver em paralelo uma exposição na Baixa da cidade intitulada “Bocas Silenciadas” e um workshop em parceria com a ENAV.

    Durante a Feira do Livro de Maputo está igualmente prevista a realização de um programa de animação cultural variado que envolve os contadores de estórias Rogério Manjate, Rafo Dias do Peru, declamadores de poesia, grupos Kupalucha e Poetas do ICMA, monólogos com as actriz portuguesa Filipa Casimiro e a moçambicana Maria Atália Combane, e oficinas infanto-juvenis com a animadora portuguesa Tânia Silva.

    EDITAL DO V CONCURSO POESIARTE

    Brasil

    Vº CONCURSO POESIARTE DE POESIA

    REGULAMENTO


    1-Participantes:

    Poderão participar do concurso moradores do município de Cabo Frio e demais municípios do Brasil, com idade a partir de 8 anos e também aceitando participações internacionais, sendo que o poemas sejam escritos em língua portuguesa.

    2. Período de inscrição:

    Os trabalhos deverão ser entregues para:

     Rodrigo Octavio Pereira de Andrade, no seguinte endereço: Rua Jorge Lóssio, n°1478, Vila Nova – Cabo Frio/RJ.– CEP 28907-015, as inscrições serão aceitas de 17 de março a 17 de maio de 2011 ou enviadas por Correio até a mesma data, valendo o carimbo postal como comprovante do prazo ou para os seguinte  e-mail: poesiarte@hotmail.com .

    3. Modalidade:

    3.1- Poesia – 1 (uma) por concorrente, com o máximo de 3 (três) laudas (folhas).

    4. Tema: LIVRE.

    5. Textos:

    5.1. Deverão ser escritos em língua portuguesa, digitados em papel branco A4, de um só lado da folha em fonte Arial ou Times New Roman, tamanho 12, espaço 1,5, em 5 (cinco) vias(cópias);

    5.2. Não serão aceitos trabalhos manuscritos. (ver item 3.1)

    5.3. Os trabalhos deverão ser inéditos, isto é, ainda não publicados em nenhum meio de comunicação ou em livro e principalmente por sites ou blogs na internet.

    5.4. Os textos deverão conter exclusivamente o título da obra e o pseudônimo do autor.

    5.4.1. Os pseudônimos não deverão guardar qualquer semelhança com o nome, apelido ou outro fator de identificação do concorrente.

    6. Apresentação dos trabalhos – Envelope e Via Email.

    6.1. Os trabalhos deverão ser enviados dentro de um envelope endereçado da seguinte maneira:

    V° CONCURSO POESIARTE DE POESIA

    Rodrigo Octavio Pereira de Andrade
    Rua Jorge Lóssio, n°1478, Vila Nova – Cabo Frio-RJ.
    CEP 28907-015.

    No remetente deverá vir escrito o nome do autor e o endereço.

    6.1.1. O pseudônimo não poderá vir escrito no exterior do envelope.

    6.2. Todas as folhas dos trabalhos deverão conter apenas o pseudônimo no rodapé, sem assinatura ou qualquer tipo de identificação.

    6.3. A ficha de inscrição devidamente preenchida e assinada deverá vir dentro do envelope.

    Modelo de ficha de inscrição:

    Nome completo:

    Cidade de origem:

    Data de nascimento:

    Cidade que representa:

    Atividade: (Profissão).

    Título do poema:

    Pseudônimo:

    Site ou blog:

    Email:

    Uma foto, pois um dos premiados terá uma caricatura feita pelo Zel Humor. Se for via email, envie a foto digitalizada.

    6.4. Não haverá devolução dos trabalhos recebidos.

    6.5. Os trabalhos que não obedecerem às regras estipuladas serão automaticamente desclassificados.

    6.6. Os poemas enviados por via email deverão estar em documento Word, seguindo as especificações do item 5.1.

    7. Julgamento:

    7.1. O corpo de jurados será formado por profissionais da área, altamente qualificados e designados pela Comissão Organizadora do Concurso, que serão conhecidos e apresentados brevemente nos seguintes blogs:

    http://zelhumortotal.blogspot.com/

    http://www.poesiarte.blogspot.com/

    http://concursopoesiarte.blogspot.com/

    7.2. As decisões do júri são soberanas e irrecorríveis.

    7.3. Serão ainda critérios para julgamento:

    7.3.1. Demonstrar conhecimento da linguagem. Seguindo os seguintes itens: conotação (figuras de linguagem), intertextualidade, ritmo, vocabulário e criatividade.

    7.3.2. Manter o texto dentro das dimensões propostas no Regulamento.

    7.3.3. Não serão aceitos temas pornográficos, preconceitos de cor, raça, religião e etc. Desta forma, a poesia será imediatamente vetada.

    7.4. A comissão organizadora decidirá sobre as omissões deste Regulamento, depois de ouvida a opinião do júri.

    8. Divulgação dos resultados:

    A divulgação dos poemas inscritos com os seus pseudônimos será feitas através da Comunidade POESIARTE do ORKUT e no blog, que também divulgarão o resultado final do mesmo nos seguintes links:

    http://www.orkut.com/Community.aspx?cmm=3981552

    http://concursopoesiarte.blogspot.com/


    9. Premiação:

    9.1. O primeiro colocado receberá um certificado de participação, o livro “ZUMBI: GUERREIRO, REI E MÁRTIR DOS PALMARES” do acadêmico Jailson Santos da Academia de Letras do Brasil da Bahia ,uma tela da artista plástica Nice Ventura e uma caricatura do Mestre Zel Humor.

    9.2. O segundo colocado receberá um certificado de participação, o livro “ZUMBI: GUERREIRO, REI E MÁRTIR DOS PALMARES” do acadêmico Jailson Santos da Academia de Letras do Brasil da Bahia e uma tela do artista plástico Carlos Ribeiro.

    9.3. O terceiro colocado receberá um certificado de participação, o livro “ZUMBI: GUERREIRO, REI E MÁRTIR DOS PALMARES” do acadêmico Jailson Santos da Academia de Letras do Brasil da Bahia e uma tela da artista plástica Janete Faria.

    Obs.: Caso no decorrer do concurso a comissão organizadora possa adquirir patrocínios os prêmios serão mais pomposos com a realidade do concurso.

    9.4. O júri poderá indicar ainda duas menções honrosas, que receberão certificados.

    9.5. Em nenhum dos níveis de premiação será permitido o empate.

    10. Disposições Gerais:

    10.1 A COMUNIDADADE POESIARTE EM FOCO se reserva no direito de publicar poemas, vencedores ou não, em livros, ficando explícito que o ato de inscrição através da Ficha implica em autorização para publicação.


    Tu és

    Autor do Artigo
    De: Izidine Jaime - em Maputo

    Tu és …
    Tu és o meu nobre aconchego
    bela a magia que te fez mulher
    abraço o vento do ar que respiras e ganho o sossego

    e o espírito da tua sensualidade
    morde-me a alma

    Ai!!
    Não quero
    não quero mesmo querendo,
    tocar-te!
    Sentir-te!
    vaguear nos galanteios dos pontos cardiais do teu corpo
    brindar teus encantos e ebulir-me todo

    Tu és...
    Tu és delírio eufórico do meu ser
    Tu és sismografia as sensações do meu desejo carnal
    vibro e enlouqueço nos teus braços, me transformo em canibal
    e te como crua...
    como-te nua, sedento à outras posições de prazer

    Delírios


    De: Vicente Sitoe
     


    Meus pensamentos me parasitam
    As preocupações me escravizam
    Olho para dentro de mim
    Vejo um vazio tão grande
    Tão grande quanto o nada
    Será a morte que se aproxima
    Ou a vida que termina?  

    Sinto a leveza do nada
    É tão pesada como as dunas
    Do deserto da minha alma
    Vejo uma luz branca flutuante
    Me sinto transcendente
    A viagem só está  a começar
    Já me coloco pontos de perguntação 

    Será que a terra não  é o paraíso
    Prometido em vidas passadas?
    O que fazer para continuar a existir?
    Por quê a vida morre no caminho?
    Coitado de mim, cheio de juventudes
    Sonhos e planos abortados
    Esperanças e amores decepcionados 

    Vou flutuando entre vazios
    A luz preenche o espaço
    Oiço um som hipnotizante
    Vindo do fim do nada
    Sou uma alma descorpuda
    Invisível para esconder a nudez
    Ai... como odeio a morte!

    Chamam o meu nome
    Uma porta se-me abre
    Parece a sala do Tribunal Final
    Se tivesse coração, estaria a bater
    Caminhei mais para o fundo
    Uma alma me aproxima
    Pede para eu terminar este poema

    Festa da palavra

    De: Raffael S. Inguane - Maputo


    Num banquete de poesia
    A inspiração estava mergulhada em banho-maria
    A mesa enorme, composta por sapiência
    Expondo a gastronomia da ciência
    O bom cheiro das estrofes me enlouquecia
    Dos bons temperos se deliciava a minha alma vadia

    Coberto de eloquência
    Eu trazia no peito, versos de nostalgia
    Abundavam no papel, palavras de origem dicionária
    As figuras de estilo transportando magia
    Com apetite pelo saber, eu devorava a filosofia

    As mulheres eram indispensáveis naqueles momentos de alegria
    Lá estavam as palavras semi-nuas fazendo a “putaria”
    Em seus corpos eu estudava a geografia
    E elas perdiam-se no embalo da ilegível caligrafia

    Eu bebia,
    Bebia todos os sons que traziam uma melodia
    Garrafas de frases, em minhas veias era elevado o índice da alcoolemia
     Minha mente estava bêbada, eu declamando versos de magia
    E no dia seguinte acordei com uma babalaze literária

    ANDORINHA – 2 ANOS DE PROMOÇÃO DA LÍNGUA PORTUGUESA E DA CULTURA EM LÍNGUA PORTUGUESA NA GUINÉ-BISSAU




    Em Canchungo, a 24 de Abril de 2008, Marcolino Elias Vasconcelos, professor – sobretudo de Língua Portuguesa – no Liceu Regional Hô Chi Minh, e António Alberto Alves, sociólogo e voluntário, iniciaram o programa Andorinha na Rádio Comunitária Uler A Baand, que tem como objectivo a promoção da Língua Portuguesa e da Cultura em Língua Portuguesa e desde então mantém a sua periodicidade semanal, todas as quintas-feiras entre as 20.3h e 21.3h na frequência de 103 MHz. De imediato, para responder a diversas solicitações de apoio educativo, jovens estudantes tomaram a iniciativa de se organizarem em bankada*, para ouvirem o programa Andorinha e “praticarem a oralidade e ultrapassarem o receio de falarem em português”! Ao longo desse ano, constituíram-se bankadas nos bairros da cidade de Canchungo (Betame, Pindai, Catchobar, Tchada, Djaraf, rua de Calquisse, Bairo Nobo) e em algumas tabanka (Cajegute, Canhobe, Tame). Complementarmente, foi constituída a bankada central Andorinha, que concentra as suas actividades no Centro de Desenvolvimento Educativo de Canchungo e que tem organizado algumas iniciativas: sessões de vídeo, acções de sensibilização em escolas, feira do livro. [*Bankada é um grupo informal mas estruturado, sobretudo de jovens, que se juntam num local na rua, para ouvirem rádio – neste caso, o programa Andorinha e para praticarem a oralidade em Língua Portuguesa.]
    Esta iniciativa Andorinha surge como pioneira num país onde a utilização da Língua Portuguesa é muito baixa e a sua riqueza parte da própria motivação de jovens estudantes se organizarem em autoformação. [ver descrição em anexo]

    Complementarmente, neste ano lectivo de 2009-2010, estamos a realizar o projecto Andorinha – Promoção da Língua Portuguesa e da Cultura em Língua Portuguesa – um intercâmbio de escolas portuguesas e escolas no sector de Canchungo, Região de Cacheu, Guiné-Bissau. Tem como objectivo a montagem de um projecto bilateral de troca de experiências e intercâmbio entre um estabelecimento de ensino de Portugal e de um congénere na Região de Cacheu (Guiné-Bissau), que poderá proporcionar múltiplas vantagens recíprocas – e despoletar diversas acções de cooperação. Com efeito, a troca de correspondência escolar entre directores, professores e alunos, certamente aumentará o domínio da escrita em Língua Portuguesa entre os guineenses e promoverá o conhecimento sobre a Guiné-Bissau entre os portugueses. [ver descrição em anexo]
    Neste sentido, as iniciativas Andorinha passarão a promover o uso oral e escrito da Língua Portuguesa no quotidiano dos jovens e estudantes guineenses.

    Em Canchungo e na Região de Cacheu, a designação de “Andorinha” é já sinónimo de promoção da Língua Portuguesa e da Cultura em Língua Portuguesa. Como grupo informal, solicitamos a adesão à CONGAI – Confederação das Organizações não Governamentais e Associações Intervenientes ao Sul do Rio Cacheu, o que foi prontamente aceite.

    Do que as iniciativas Andorinha têm realizado desde o início deste ano lectivo 2009-2010, destacamos:
    - O envolvimento e formação de jovens das bankada Andorinha para apoiarem e realizarem o programa Andorinha na Rádio Comunitária Uler A Baand – todas as quintas-feiras entre as 20.3h e 21.3h na frequência de 103 MHz;
    - As acções de apresentação das bankada Andorinha e a sensibilização ao uso da Língua Portuguesa realizadas no Complexo Escolar Santo Agostinho, Escola EBU, Escola 1º de Junho e ADRA – Escola Adventista, em Canchungo, por solicitação dos respectivos directores;
    - A organização e realização da actividade “Nô Pensa Cabral!”;
    - A entrega da correspondência escolar enviada pelo Agrupamento Vertical de Escolas Dr. Joaquim de Magalhães de Faro à direcção do Liceu Regional Hô Chi Minh em Canchungo;
    - A constituição de uma bankada Andorinha em Bissau – na Paróquia de Brá;
    - A sessão de apresentação das bankada Andorinha e a sensibilização ao uso da Língua Portuguesa realizada no âmbito do intercâmbio de alunos e professores entre o Liceu Regional Hô Chi Minh e o Liceu Dr. Luís Fona Tchuda de Gabú, sob o lema “Juntos para um ensino de qualidade face aos desafios do futuro”;
    - O início da emissão do programa Andorinha na Rádio Babok – todos os domingos, entre as 21h e 22h na frequência de 98 MHz;
    - A acção de apresentação das bankada Andorinha e a sensibilização ao uso da Língua Portuguesa realizada no Liceu Domingos Mendonça em Cacheu;
    - A entrega da correspondência escolar e de diverso material enviado pelo Agrupamento Vertical de Escolas de Vila Caíz à direcção e professores da Escola Pública de Iniciativa Comunitária “Tomás Nanhungue” em Tame;
    - A visita à bankada Andorinha “Umeeni” em Petabe.

    De 19 a 25 de Abril de 2010 comemoramos este segundo aniversário do surgimento das iniciativas Andorinha, com a realização de um conjunto de acções:
    - 19 Abril (segunda-feira): Entrega de 433 músicas em Língua Portuguesa, de 93 artistas/grupos de Portugal, Brasil, Cabo Verde, Moçambique e Timor Leste, à Rádio Comunitária Uler A Baand e Rádio Babok;
    - 20 Abril 10h (terça-feira): Inauguração da 2.ª Feira do Livro no Centro de Desenvolvimento Educativo de Canchungo;
    - 20 a 24 Abril (8.3-11h e 16-19h): 2.ª Feira do Livro no Centro de Desenvolvimento Educativo de Canchungo;
    - 24 Abril a partir das 16h (sábado): 2.ª Festa Andorinha na COAJOQ – Cooperativa Agro-Pecuária de Jovens Quadros;
    - 25 Abril (domingo): Documentário sobre a Revolução dos Cravos em Portugal.

    - A inauguração da 1.ª Feira do Livro no Centro de Recursos em Cacheu;
    - A entrega da segunda correspondência escolar enviada pelo Agrupamento Vertical de Escolas Dr. Joaquim de Magalhães de Faro à direcção do Liceu Regional Hô Chi Minh em Canchungo;
    - A oferta de 60 t-shirts Andorinha pela empresa Jomav – Importação e comercialização de materiais de construção;
    - A cerimónia de tomada de posse da bankada Andorinha Liceu Domingos Mendonça em Cacheu;
    - A constituição da bankada Andorinha da Escola 1.º de Junho em Canchungo;
    - A entrega da correspondência escolar e de diverso material enviada pelo Agrupamento Vertical de Escolas de Mondim de Bastos à direcção e professores da Escola Pública de Iniciativa Comunitária de Cabienque e à direcção da AFIR – Associação dos Filhos e Irmãos de Cabienque;
    - A constituição da bankada Andorinha “União Faz a Força” em Tchulame.

    Semanalmente, todos os sábados, pelas 17 horas, a bankada central Andorinha reúne no Centro de Desenvolvimento Educativo de Canchungo. Ao longo do mês de Junho realizamos uma reflexão e autoformação sobre o funcionamento de uma associação, que incluiu a concepção e redacção de uma proposta de estatutos. A 19 de Junho fundamos a associação Bankada Andorinha, com a redacção da acta – a que se seguirão os diversos passos legais para a sua efectivação.

    De salientar, que esta é uma iniciativa concebida e protagonizada por jovens alunos e professores guineenses, às expensas de trabalho voluntário e esforço e empenho de cada um – sem qualquer apoio de instituições responsáveis pela promoção da Língua Portuguesa...
    [Para mais informações e imagens, ver www.andorinhaemcanchungo.blogspot.com]

    Na esperança que estas iniciativas possam ser valorizadas e ficando ao dispôr para qualquer esclarecimento que acharem conveniente, apresentamos os nossos melhores cumprimentos
    Marcolino Elias Vasconcelos – 00 245 6625332
    António Alberto Alves – 00 245 6726963
    Eduardo Gomes (Presidente das bankada Andorinha) – 00 245 6824282


    «Há números que apontam para 5% da população que fala Português, no recenseamento de 1979, e outros para 10%, no recenseamento de 1991 (Scantamburlo, 1999: 62). Não há, infelizmente, estudos mais recentes sobre esse assunto, mas penso que é por demasiado evidente que a situação da Língua Portuguesa na Guiné-Bissau em nada se compara com os restantes países lusófonos africanos: é, sem dúvida, o PALOP onde se fala menos português. Basta circular pelas ruas de Bissau para nos apercebermos desta dura realidade.
    Devido ao facto de ser a língua oficial, o Português é o idioma de ensino. É também a língua de produção literária, da imprensa escrita, da legislação e administração. Deparamo-nos, então, com este paradoxo: tudo está escrito em Português, mas uma parte esmagadora da população não domina a língua. As crianças são alfabetizadas numa língua que não ouvem, nem em casa nem na rua, e só quando comunicamos com a elite politica e intelectual guineense conseguimos estabelecer comunicação em Português. O grande problema da Língua Portuguesa neste país é, a meu ver, não passar da escrita para a oralidade.
    (…)
    Dado que a rádio é o único meio de comunicação que chega a todos os guineenses, parece-me fundamental uma aposta em programas radiofónicos que divulguem a Língua Portuguesa; em suma, uma aposta na oralidade.»
    - Ana Paula Robles, Instituto Camões na Guiné-Bissau
    [O ensino da Língua Portuguesa no ensino superior: a situação da Guiné-Bissau. Ubuntu, nº 3, Dezembro 2006, Bissau, p. 21-24]

    --
    Andorinha | Caixa Postal nº 1 | Canchungo | Guiné-Bissau
    www.andorinhaemcanchungo.blogspot.com

    Poemas da obra "A Noite de Luvas Brancas" de Mário Gerson

    Mário Gerson - Brasil

    Suor 
    No suor
    Do teu corpo
    Me refaço,
          E em pedaços,
    No teu
    Dorso,
    Me revolvo
    Sobre a epiderme
          Manchada
          De saudade.

    Decepção

    Nunca saberei destroçar
    Os homens que me acenam
    Em plena rua...
    Nunca saberei se por detrás
    Daquele rosto morará meu outro rosto.
    Também não saberei para que cometa
    Arrastaram-me os sentidos...
    As discussões,
    Os dilúvios de amor,
    As fortalezas sozinhas.
    Da luz, apenas guardarei
    A lembrança de sua claridade.
    Do homem que me acenou –
    O braço levantado ante o mundo –
    E da vida, que se vai aos poucos,
    E que é já gasta,
    Levarei a lembrança
    Daquele dia sem luz.


    Encruzilhada
    Para Mário de Andrade 
    Meu destino
    Também era trágico,
    E o desafio de ser fera
    Entre os homens
    Me perseguia,
    Até que um dia
    Eu topei comigo.
    Interior
    O Poeta
    Que morre em mim
    Traz a marca do silêncio
          Que encontro em ti.
    Ele caminha, disfarçadamente,
    Entre os sentidos
    Absurdos
    Do seu coração.
          Mas na luta diária de meu lado
                            Esquerdo,
    Ele se perde
    Entre teu olhar no meu olhar.
    Olhar-te, porém, do alto de meu
                      Disfarce,
    Me constrange e me abala
    Ou me perfura a carne,
                 Meu sangue
                 Banhando
                 De morte
                 As calçadas
                 Alheias –
    Os olhares alheios;
    Os homens alheios;
    As mulheres alheias.
    O Poeta que mora em mim
    Também se ofende e se agrada.
    É ser, como as aves entre os seres.
    E eu, que me mapeio
                O coração,
    Ando perdido,
    Canto a canto,
          Em teus lençóis;
          Em teus espantos!
    Esse meu Eu Poeta
    Que sangra, distante,
    Outros meus amigos;
    Esse meu Eu Poeta
    Feito de dor e carne e vestígios;
    Esse meu Eu Poeta
          Que vê além
          De meus ouvires,
    Me cobre de desafios e
          Pensares...
    O pensar ser além
          Do homem-Carne;
    O pensar ser além
          Do homem-Método;
    O pensar ser além
          Do homem-Máquina,
    Me funde em pensamentos;
    Me algema em faces
             Estranhas
             E vivas,
             Feito água
             No céu
             De minha boca.
    Mas as palavras
    Me atiram fora
    O corpo nu;
    O corpo do Homem-Natural
    Que me obriga,
    Do desperdício
    Que me custou
    Rasgar esse meu tédio
    Sobre a cidade,
    À implosão de outros
                Versos;
    De outros estranhos versos
    Escritos na sombra daquela
                      Imagem.

    Mário Gerson
    Nasceu em Mossoró, RN, Brasil. Possui as seguintes obras publicadas: O Suspiro do Inimigo (Contos), A Morte do Pescador (Novela), A Noite de Luvas Brancas (Poemas), O Catador de Espumas (Poemas).
    Os poemas publicadas na Literatas fazem parte de seu livro A Noite de Luvas Brancas, publicado neste mês de abril, pela Editora Queima-Bucha.

    ORAÇÃO

    Wilma Boss - Brasil

    Se eu morrer daqui a pouco, não chore...
    Apenas aplauda meu sorriso largo, minha boca aberta
    por um palavrão escondido, não dito
    ou dito e não ouvido...

    Meus olhos lacrimejantes, minhas mãos estendidas
    Meu dedo apontado prá eles, prá elas...
    prá nós... e até prá você!

    Não ligue se eu morrer daqui a pouco.
    Apenas olhe... reze se sentir vontade,
    Olhe meu corpo inerte e desperte:
    Eu fui?

    Se eu não morrer daqui a pouco,
    Olhe prá mim, vele por mim, chore por mim.
    Viva por mim, viva prá mim...
    Enquanto eu vivo por nós
    Amém!

    Quero ser

    De: Ruth Boane - em Tete

    Quero ser uma estrela
    para o teu mundo iluminar
    Quero ser uma flor
    para o teu jardim embelezar.

    Quero ser o mar
    Para as tristezas comigo levar
    e as alegrias contigo deixar.

    Quero ser borboleta
    Quero borboleta ser
    Para um sorriso no rosto do teu jardim colocar.

    Quero ser poetisa
    para palavras de amor te dizer
    e seus ouvidos enlouquecer.

    Quero ser a rainha do teu coração
    e contigo para sempre ficar.

    Amo-te Sansão!

    76 anos cultivando a leitura


    De: redacção O País

    Encontros com João Paulo Borges Coelho, Carlos dos Santos, Luís Carlos Patraquim, Aurélio Furdela, Sangari Okapi, Lucílio Manjate, entre outros, marcam as actividades das celebrações dos 76 anos da Minerva Central.
     
    Está aberta na Minerva Central a 76ª Feira do Livro, que também marca as celebrações dos 103 anos de existência daquela livraria. Em exibição nas instalações-sede da Minerva Central, a feira vai comportar momentos diversos num período de 45 dias.
    Na abertura da feira, o embaixador da França em Moçambique, Christian Daziano, esclareceu que a 76ª feira do livro “não é, se não a expressão de uma nova etapa que vai ser construída, uma nova etapa que vai começar e uma nova página que se vai abrir”.
    O embaixador anunciou que a Minerva Central e o Centro Cultural Franco-Moçambicano vão abrir, antes do final do presente ano, uma livraria de língua francesa, que será afixada nas instalações do Centro Cultural Franco-Moçambique. “Esta livraria permitirá que os interessados pelo francês sirvam-se da mesma, pois estará equipada de livros de actores francófonos e livros traduzidos para o francês. Este novo instrumento de difusão do francês virá completar o dispositivo de aprendizagem da língua francesa e dará ao Centro Cultural Franco-Moçambicano uma nova vitrina para satisfazer ao público francófono, disse Daziano.
    Várias actividades vão marcar a feira do livro e nesta sequência está agendada a inauguração da exposição “Densidades lúcidas”,  do artista Manuel Jesus. Ao longo deste período serão organizados encontros com João Paulo Borges Coelho, Carlos dos Santos, Luís Carlos Patraquim, Aurélio Furdela, Sangari Okapi, Lucílio Manjate e outros. As actividades envolvem lançamentos dos livros “Ventre acocorado” de Manuel Jesus, “Não se emenda, a chuva” de António Cabrita,  “Quando o coração dizpára” de Dércio Edson de Celestino Pedro e “Coração feito vida” de Salim Sacoor.
    A declamação de poesia, actividades para a infância (“caça ao tesouro”), apresentações de filmes, concursos e promoções são igualmente actividades previstas nesta 76ª Feira do Livro.

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