Marcelo Soriano - Brasil
Nota preliminar: Antes de prosseguir com este artigo, lembro ao leitor que me dirijo à CPLP (Comunidade dos Países de Língua Portuguesa), portanto, podemos encontrar gerúndios, futuros do pretérito, expressões etnocêntricas, familiares a certos leitores, porém, inusitadas a outros. Oxalá, que esta peculiaridade não seja pretexto para correções, mas para integrações e enriquecimentos léxicos e culturais entre nós. Marcelo Soriano. Santa Maria - RS - BR. 14/07/2011.
1. Breviário Ébrio
Todo o boteco tem algo de solidão coletiva.
Decisão importante: Tomar um Rum na vida.
A bebedeira é uma ética etílico-psicodélica.
Não há solidão mais bêbada que a da azeitona no Dry Martini.
O caramujo do bêbado é o barril.
Amigos chatos nos ensinam que devemos ser tolerantes.
O fundo do poço e o fundo do copo são correlatos.
Tinham egos tão frágeis que, quando se encontravam, faziam tim-tim.
2. A Morte do Rei
Imperador do chorume, Yohoy empunhou a garrafa como se fosse um cetro.
Moscas cingiram-lhe em coroa o tampo do crânio cabeludo. Aos borbotões, ratazanas
vieram do nada, roendo-lhe as raivas, carcomendo-lhe os concretos, pulverizando-lhe
em restos... Pó de osso. Farinha da loucura... Em uma fração de soluços, Yohoy
transformara-se em rasa montanha. Uma duna branca de vício pronta para ser inalada.
O cetro caído ao lado voltou a ser mera garrafa de espumante descartada.
3. Monólogos Póstumos com Quintana - Parte VII
“ Se um poeta consegue expressar a sua infelicidade com toda a felicidade,
como é que poderá ser infeliz?”
Mário Quintana
Eu a ele: Eis-me ali... Sob os olhos da Górgona interior... Ante o Evangelho das
Divagações... Enfim só... Perplexo... Por instantes, letrificado para todo o sempre no
meu papel vazio...
Ele a mim: Amanhã nosso dia recomeçará, com o nome de ‘Todo o Santo Dia’...
Repovoado por recantos, releituras, ressalvas... E repassarinhos...
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