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    EDITORIAL-48: Assim vão as coisas em Moçambique…


    Eduardo Quive - Maputo

    Esta é a quadragésima oitava vez que nos apresentamos a si, caro leitor. Ainda não cessamos a tarefa de informar sobre as letras, debater e divulgar, propósitos imutáveis desta Literatas nossa que nasce do sangue dos poetas, prosadores, críticos entre novos e velhos que embarcam quinzenalmente nesta loucura missão de fazer a arte virtualmente a partir de um país onde há uma maioria considerável que não tem acesso à internet. Cada espreita dela que damos aos leitores, sentimos que vale a pena e quando saímos, vemos olhos ansiosos e ouvidos famintos por uma boa literatura e com fronteiras abertas. Assim falamos nós sem retratos imaginários, estamos na vida real entre os naturalistas, realistas e surrealistas até aos experimentalistas. A literatura é feita de movimentos e só se move que sem deixa morder por esse bicho perigoso que se chama palavra.
    Já diz o brasileiro Alberto Lins Caldas, esse homem que escreve tudo a minúscula inicial incluindo o nome do país porque reconhece que a tarefa do escritor é criar o seu mundo, as suas gentes a que acaba se tornando servo. o leão é uma forma de zebra, a anta é uma forma de onça, o capitalista é uma forma de operário, um latifundiário é uma forma de camponês. É tudo uma forma, e nós, na virtual forma, fazemos a saudade, a lembrança, o desejo e outros prazeres que achamos que só fisicamente fazem sentido.
    Saímos de Outubro onde pela primeira vez, realizou-se a Mostra de Literatura Infanto-Juvenil em Maputo com a convidada especial Lurdes Breda, escritora portuguesa com cerca de 20 títulos publicados, na sua maioria infantis. Foi mais uma daquelas viagens a jangada nas águas agressivas da barra do Limpompo que engolem vidas na travessia dos tempos. Mas acima de tudo, foi uma viagem repleta de experiências marcantes para a Literatura Infantil em Moçambique, género que ainda padece de desinteresse pela maioria. Isto ainda leva-nos a questionar se as crianças moçambicanas têm acesso a uma literatura da sua faixa etária ou não. E a resposta é não.
     Na obrigação que se tem feito publicidade ultimamente, os adultos dizem “é de pequeno que se torce o pepino, as crianças devem crescer com hábitos de leitura”, mas os livros para essa camada aonde estão? Eis a hora de se despertar, não se pode exigir das crianças que leiam obras adultas, com palavras que nunca viram e ouviram, todas páginas só com palavras secas, tudo a sério. Assim, como diz, Lurdes, elas só se assustam. Há que se investir numa literatura adequada para os petizes e não impor que elas leiam os clássicos e os compreendam como os adultos. É até por falta dessa diferenciação, que temos agora crianças a partilhar as famosas novelas brasileiras com os adultos com cenas pornográficas e palavras obscenas a boa moda da juventude moderna.
    E mesmo a propósito das novelas, outra vez o Hélder, meu sobrinho de 2000, uma vez disse à Lulu, sua irmã de 2005 “me dá um beijo de amor”. A irritação não me coube no peito, afinal não são os miúdos que vão atrás das novelas, são as novelas que vão atrás deles, pois é de manhã, é de tarde, é de noite, elas são propaladas e sem nenhuma hipótese de evitá-las.
    O maior preocupante é que na actual Política de Livro ainda em discussão, parece que as crianças não fazem parte das decisões do governo sobre a sua educação cultural e sobre os seus livros. Há que se tomar decisões tendo em conta todos os níveis, se não, a sociedade estará formada em estranhos fragmentos. 

    EDITORIAL-47: Da humildade do escritor à do Homem


    Eduardo Quive


    Pela quadragésima sétima vez saímos esculpindo a palavra. Este parto foi mais uma vez à cesariana como já nos acostumamos (incrível como nos acostumamos de coisas dolorosas!), mas sempre fazendo pela sensação estranha de dor e ternura depois de tudo consumado. A maior alegria é, afinal, ver que não somamos número de edições apenas, somamos número de vitórias e de realizações. No acto de difundir a palavra “palavra” não encontramos outra razão se não a alma.
    Aí é que começa o campo das divergências sobre nós mesmos. A humildade que temos no exercício de uma profissão, neste caso a nobre tarefa de ser escritor e a de ser Homens. Por vezes, como profissionais de uma área a humildade pode-nos ser imposta, mas como Homens é sempre uma opção. O que se verifica nas letras é que aliada à submissão que o escritor tem de si mesmo, tanto a humildade do Homem como a do Escritor, caminham juntas.
    Não queremos nos arriscar em dizer que o homem que é Suleiman Cassamo é humilde, mas já há provas de que o escritor Suleiman Cassamo é. Para ainda não ter começado a escrever, um dos escritores mais conhecidos que o país tem, autor de uma emblemática obra em que o povo fala por si, deve ser algo grave e, no mínimo, nós esperamos que seja pelo facto de estar a preparar um livro que ainda pode superar a fama e o impacto de “O Regresso do Morto”. Caso seja esse o intento, não há espaço para dúvidas, afinal este é um exemplo directo de que “a pressa é inimiga da perfeição”.
    Mais emociona-nos a cada passo a descoberta de poetas novos neste Moçambique em que o novo nos foi ensinado que é duvidoso. Poderá notar o leitor da Literatas que, embora com alguns nomes já conhecidos, há uma exclusiva maioria em revelação nas páginas de poesia. Esse é, na verdade, o nosso papel, ir para além do existente, contornar viagens e fazer com que, como uma andorinha, os nossos gritos cheguem aos ouvidos dos mais ténues homens que são feitos pelo silêncio conjuntural. Nós os descobrimos e os trazemos aos olhos atentos que vós sois e queremos que haja um julgamento justo sobre a sua poética forma de escrever. O que estaríamos a ser, se o nosso conteúdo fosse o mesmo com os outros?
    Diz-se nas terras moçambicanas que é mais bom quando se repete, mas nós dizemos que é melhor quando se é exclusivo. Esperamos um dia ter servido esta e outras pátrias que fazem este rio que se chama Lusofonia na invenção de novos peixes que poderão conhecer a sua profissão com a humildade de ser escritor e a de ser Homens, neste caso, com Sebastião Alba a figurar como a personagem principal.

    EDITORIAL-45: “Nós somos cidadãos da eternidade”

    Eduardo Quive


    Fiódor Dostoiévski tinha um autêntico músculo erudito; uma satírica forma de ver o mundo e as coisas, por isso, verifica-se nas suas abordagens, a normalidade com que lida com o meio e os seus acontecimentos. É essa relevância lúdica que faz de si, provavelmente, o escritor de todos os tempos, todas as gerações e de todos os continentes. A escrita nem pela língua nos limita, aliás, a essência de uma obra, muitas vezes, está na familiaridade que o autor tem com a língua da sua escrita, isso podemos encontrar em Dostoiévski, este nome que constantemente associa-se a bons escritores dos tempos actuais.
    Ao começar esta abordagem falando do escritor russo que, para além, de autor da frase que guia este editorial é também autor da viva frase como esta “Sofrer e chorar significa viver.” Ana Paula Maia e Décio Bettencourt Mateus, dois escritores de países diferentes, Brasil e Angola, são uma combinação perfeita que vieram a calhar em simultâneo neste número. Trata-se de dois escritores de géneros literários diferentes, (um é contista e romancista, outro poeta) em que não se encontram neles grandes diferenças sob ponto de vista de conteúdo e abordagem.
    Na poesia de Décio Bettencourt, poeta angolano, vigora um cidadão comum cantante das coisas de gente comum, como a Zungueira (vendedoras ambulantes), o Candongueiro (em Moçambique chamados por Chapeiros), gentes dos “Pés Descalços”, andantes e batalhadores que no final do dia, apenas o arroz lhes interessa.
    Ana Paula Maia, não foge dessa abordagem, indo ao encontro, entretanto, de uma sociedade cáustica brasileira, falando de factos, que parecem ficção para alguns e, por isso, tratados pela autora com a devida solidez e frieza que eles merecem. Uma escritora que diante daquilo que vê, mantém-se escritora sem afugentar-se na cidadã de um país que também é.
    Na verdade, há um encontro inadiável entre a África e América Latina que vigora desde tenra idade. Os factos narrados por esses povos, não precisam serem inventados, porém, apimentados como só estes escritores sabem fazer num processo que une, o escritor, o cidadão e o infiltrado na sociedade. Uma boa literatura exige do autor essa coragem do Ser e por muitas vezes do Estar. Mas acima de tudo o que conta é a coragem de falar do quotidiano sem achar nele um mistério específico, fazendo da própria vida, esse mistério de bom contador de histórias.
    Ana Paula Maia é a personagem desta quinzena – 14 a 27 de Setembro. Décio Bettencourt Mateus angolano nascido em Menongue, província do Kuando-Kubango, sul de Angola, a 11 de Setembro de 1967, autor de “Os Meus Pés Descalços”, “Gente de Mulher” e “Xé Candongueiro!” é o entrevistado. Duas figuras dos mesmos tempos, países diferentes e escrita homogénea.

    EDITORIAL-44: A AEMO e o tempo

    Eduardo Quive



    31 de Agosto de 1982, nasce a Associação dos Escritores Moçambicanos. Somos de hoje, mas atentos aos de sempre. Já ouvimos por muito que a eternidade de um escritor marca-se pela publicação de um livro. É na verdade o escritor que está no centro de uma agremiação como a AEMO que tem na sua história momentos da verdadeira afirmação da literatura moçambicana.
    E neste número que apesar de ser 44, é seguramente sem contagem porque é única, totalmente dedicada àquela casa onde nascem e vivem escritores, a pesar das posições e contradições que dizem lá haver. A verdade que, felizmente, todos assumimos é que existe uma AEMO, Associação dos Escritores Moçambicanos, entidade que em princípio, tinha que congregar todos escritores nacionais.
    Um dos marcos daquela instituição, regista-se em 1984, concretamente, no dia 23 de Junho a quando do lançamento da primeira revista literária de Moçambique depois da independência. Trata-se da revista “Charrua”, esse instrumento que aquecido pelo “sol que nunca desce” desbravou a terra e fez germinar as árvores de que hoje nos alimentos. Podíamos até mencionar os nomes de todos, mas porque no interior destas páginas estão quase todos eles, vamos nos retratar do Pedro Chissano, quem escolhemos homenagear nesta edição.
    E porquê Pedro Chissano? Bom, neste momento seria, qualquer resposta que tecesse, colocaria em causa aquela que é a verdadeira pessoa a que nos retratamos. O melhor mesmo, Chissano já fez e trouxemos em cinco páginas. Tudo de uma só vez, os seus “eus”, os amigos, as nostalgias que sente, a vontade que tem, apenas não pudemos trazer o copo de vinho que que acabou enquanto fazíamos a entrevista.
    Neste tempo em que a Associação dos Escritores Moçambicanos poderá verificar “grandes” mudanças, aliás, apoiadas pelo actual secretário-geral Jorge de Oliveira, encontramos várias opiniões divergentes, mas numa coisa elas convergem, é preciso que se faça alguma coisa. Pois é, o pior mesmo, é ver o leite a derramar, esperar que ele jorre todo para depois sair a chorar feito a saudade que nunca nos deixa viver outros tempos.
    Caríssimos, quem somos nós para falar de uma instituição que conta com 30 anos de existência? Ainda mais quando o próprio secretário-geral e aqueles que o antecederam nesses cargos assumem o protagonismo nesta edição?

    EDITORIAL-42: Eis a neblina dos nossos tempos!

    Eduardo Quive


    Até poderá parecer uma réplica daquilo que o jornal angolano de Artes e Letras, Cultura, vem se referindo na introdução do seu director e editor-chefe, José Luís Mendonça, sobre a pressa e alguma imaturidade em algumas obras de novos autores angolanos, facilitada pelo facto destes terem algum capital para custear as suas publicações. Certo, caro Mendonça, é verdade que há em algum momento, uma exacerbada paixão pelos passos rápidos, esquecendo-se do ditado que diz “de vagar vai-se longe”.
    Mas como nos vínhamos introduzindo, justificando a possível não réplica da justa opinião de José Luís Mendonça, no Cultura número 10, queremos concordar com o escritor (apesar de ele não se considerar), Andes Chivangue que regressado de Portugal a semanas, aceitou ser entrevistado pela Literatas.
    Chivangue chega à conclusão mais conhecida, só que falada nos corredores e pelas costas de muitos escritores, que há na Literatura Moçambicana, fantasmas que de lírica e arte só tem, o temor que as pessoas sentem delas e, os lóbis que eles conseguem para chegar à determinados fins. E o que concordamos na verdade? É que há de facto a mania de se fazer da literatura um campo de batalha bastante sangrento para se sustentar a soberba e a ganância de um punhado de gente. Tal punhado que, infelizmente, encontra-se espalhada um pouco por todos os lados, acabando se parecendo a maioria.
    Andes Chivangue que não cede entrevistas já há tempos remotos desde que esteve envolvido numa polémica iniciada pelo seu companheiro Midó das Dores, ambos fundadores do Núcleo Literário Xitende da cidade de Xai-xai, província de Gaza, sobre a suposta morte de literatura moçambicana, é quanto a nós, uma pessoa que se afigura na literatura nacional como coerente e que poderá não lhe passar pela cabeça, se calhar, ser um dos vencedores desses tais prémios, já que não deixa de tecer críticas sobre os mesmos. Ou cala e como ou fala e morre de fome. Ou deixamos andar ou paramos com as falcatruas que ao mesmo tempo nos acabam. Uma escolha ditará o futuro de qualquer um que a faz. A verdade é que urge quebrar-se os sussurros que vão de ouvido a ouvido, olho a olho piscando sobre alguma dúvida já mais esclarecida no seio da classe literário. Esses sussurros podiam ser um forte barulho para que isto tome um outro rumo.
    O crítico literário Francisco Noa é ciente que esses são problemas que não se ultrapassarão enquanto o estômago depender da boca, ou melhor, enquanto a fome e falta de comprometimento artístico por parte de tais senhores dos negociatas não cessar, havendo por conta disso, uma chuva de obras vencedoras de prémios e que só agradam a pressa e arrogância de tal autor condenado a pagar dízimos aos júris ou organizadores dos prémios. Noa vendo-se cercado desses esquemas que deixamos andar, traz uma nova e, quanto a nós, boa ideia, sobre a instituição de concursos de leitura em vez de escrita, afinal, os nossos escritores que se consagram logo na primeira obra que até vence prémios, são iluminados na escrita, mas da tal escrita, o que se consegue chegar à verdade é que não vem de leitura nenhuma.
    Portanto, caros leitores e, em particular ao José Luís Mendonça, se o problema de Angola é o facto de ter escritores que se fazem pela capacidade financeira de publicar o que quer que seja, há alguns cá, neste país tido como a Pérola do Índico, que até são pobres, pobre duplamente: intelectual e economicamente. O presidente da República chama-os pobres mentais quando vai aos distritos em acções de Presidência Aberta e Inclusiva, mas eles não se encontram lá, estão aqui, entre nós a camuflarem-se como autênticos Halakavumas, ou Pangolim no português que nos une. No entanto, o jeito para publicarem seus livros é mesmo ganhar um concurso literário, de escrita. Eis a neblina dos nossos tempos …

    EDITORIAL (40): Nova fase, com 40 mil motivos para nunca desistir


    Japone Arijuane

    Sejam bem-vindos e pacientes. Pois, nesta edição 40, várias surpresas vos esperam. Com todos vos sabeis, já se foi um ano, aliás já temos um ano. Um ano que contínua a ser para nós de muita maturidade, responsabilidade, e não só, um ano de muita dedicação, a cima de tudo. Prova disso é esta nova fase da Literatas que hoje inauguramos; esta fase é seguramente a fase das fases mais défices; pois decidimos que a partir desta edição 40, trazer ao estimado leitor uma maior e melhor revista; com mais números de páginas, passando das habituais 15 para 22. Esta é justamente a resposta encontrada para responder a imensa procura por parte dos colaboradores; motivo este que, de uma ou de certa forma, parece-nos arquitectado pela qualidade; não pela forma mas pelo conteúdo (independente), que esta vossa e nossa Literatas transborda: os dizeres e fazeres da literatura que todos sentimos. Todavia, para aliar a forma e o conteúdo, decidimos também dar retoques no Design gráfico. Por esta e muitas outras, velhas e novas razões, caros leitores; apresentamos esta nova e cada vez mais madura e profissionalizada revista. Revista esta, que pelo carácter editorial e o espaço (lusófono) que alberga, nada mais justo que uma resposta à altura.
    Esta é, realmente, uma resposta que abraça a Comunidade dos Países de Língua Portuguesa, na sua globalidade, apesar desta comunidade ser o que não deveria ser!, pois é esta, uma mera “política-agremiação”, onde as “agendas” internas de um país falam mais alto; como vimos recentemente a sucessão da presidência angolana sem presença do dono chefe dos angolanos; para, pelo menos, passar o testemunho a sua nova presidência, a moçambicana. Bom, apesar destes contrastes, cá está Literatas para dar asas e azos a língua que dizem ser de Camões, pois parece-me mais justo só e só ficarmos pela língua e para língua.
    Indo mesmo no que tange ao conteúdo aqui apresentado, nesta tão árdua e complexa edição; propomos uma eloquente viagem, em jeito de entrevista, com o poeta Cabo-verdiano José Luís Tavares, passando obrigatoriamente por desvendar os territórios ocultos da Guiné-Bissau, uma aventura feita na visão do poeta Hélder Proença. E sem querer fugir da (mal)dita CPLP, um ensaio de Adelto Gonçalves sobre António cabrita e futuro desta mesma (dês)organização política. Pouco para o fim a poesia encontra seu campo onde os velhos e novos embriagam-se do mesmo ópio. Feito isso, meus caros leitores, resta-nos dizer:
    Boa leitura!

    Editorial: A força(da) Mudança


    Eduardo Quive - Maputo

    Finalmente é sexta-feira! Na lenda moçambicana sexta-feira é dia do homem, o dia das mulheres ainda está por se instituir, mas há quem diga que é domingo, na Igreja enquanto os homens dormem engolidos pela ressaca. Lendas e lendas, quem o diz? - é o povo - nunca o fulano ou sicrano. A Lenda é mesmo assim, seu autor não é tangível, a autoria é de qualquer um ao mesmo tempo que não é de ninguém – Património da Humanidade.
    Essas reflexões nos traz o autor de Reclusos do Tempo, Alex Dau que para além da criatividade sabe ouvir histórias do povo e traduzi-las. Afinal o que o povo conta pode ser um ponto de partida para um conhecimento científico. Alex Dau, reconhecendo esse potencial que herda dos seus tempos em Quelimane, cidade onde nasceu, transformou o que o povo diz, em matéria de leitura não só porque são histórias que mexem com o seu âmago, mas porque teme que a mudança quase que descontrolada e apressada dos tempos tome conta de tudo.
    Numa breve incursão pela forma que nasce o escritor em si, buscamos a sua obra, a sua vida a sua sensibilidade para com os factos históricos da Literatura Moçambicana, afinal, estamos perante um jovem que apesar de publicar seu primeiro livro em 2004, caminhou com a história literária nacional desde princípios dos anos 90, momento em que há mais uma mudança forçada nas nossas letras, com a Associação dos Escritores Moçambicanos (AEMO) e a Geração Charrua no centro do furacão. Estamos a falar de tempos em que uma outra geração, além dos charuanos, queria seu espaço.
    As mudanças sempre nos perseguem por mais que sejam conflituosas. Mesmo a lembrar Lucílio Munjate no dia 12 de Julho, durante a mesa redonda sobre de onde vem os escritores de hoje, a história da Literatura Moçambicana, quando se trata de entrada de escritores mais novos, é marcada por uma certa relutância por parte dos que já merecem o título de escritores.
    O que mais desperta atenção ainda, é o facto de haver pouca cultura de aceitação do outro como seu par e partilhar experiências como tal. Muitas vezes parece que é intenção de quem já subiu um degrau, chutar a quem de baixo ainda vem e sempre que possível, ocupar todos espaços vazios.
    Isto pelo menos Alex Dau partilha, aliás, reitera que as barreiras sempre existiram, o que faz-nos ainda, voltar a ideia de Lucílio Manjate: as revistas literárias em Moçambique surgem sempre para responder a uma necessidade pontual dos que estão em volta delas, os novos, os acotovelados o que significa que, os Ungulani Ba Ka Khosa, Eduardo White, Marcelo Panguana, Juvenal Bucuane, Pedro Chissano, Armando Artur, e os demais, criaram a Charrua para expor os seus trabalhos. Na mesma sequência, surgiram o Oásis, Lua Nova, curiosamente estas duas revistas, ligadas a AEMO aqui em Maputo e o Xitende, um pouco por fora, na cidade de Xaixai (nos próximos números será publicada uma entrevista com o editor dessa revista). A ideia é sempre a mesma, contornar os percalços dos que já são escritores.
    Na verdade estamos em momentos em que as mudanças ocorrem sem que as desejemos, mas porque o próprio tempo, já está farto do caranguegismo de que se compõe a nossa história. É esta, portanto, uma entrevista também para contar a história.
    Verdade ou mentira, o facto é, estamos realmente em tempos de mudanças e porque não só mudam os tempos, os homens também mudam, Gabriel García Marquéz, poderá ter uma aposentadoria antecipada.
    Muitos outros assuntos marcam este número e a semana em que destacamos a escritora brasileira Conceição Evaristo no nosso livro como a personagem principal.
    De resto só a boa nova de que podemos nos ver e dialogar todos dias. Literatas agora é todos dias em: http://revistaliteratas.blogspot.com.

    Literatas volta a ser actualizado diariamente


    Bem, mesmo a começar o hino das justificações, prefiro começar por dizer que não é verdade que estivemos sumidos! Verdade é que estivemos errantes pelos caminhos da escrita, afinal, que mais nos une se não esta arte da loucura, que nos leva sem volta?
    Nesta semana que se “celebra” a paragem do nobre escritor colombiano Gabriel García Marquéz, ficamos a saber pela imprensa internacional quie é por motivo de demência senil, coisa que ainda não sabemos exactamente o que é, não é verdade? O facto é que a loucura dos escritores é a escrita, só isso.
    Nós somos os tais loucos que estão sempre a vossa procura caros leitores. Ausentes no blog mas sempre presentes na versão por e-mail que enviamos semanlmente.
    Mas quem somos nós sozinhos sem aqueles que nos tornam verdadeiramente uma revista? Decidimos voltar.
    De segunda a sexta-feira serão actualizados os assuntos desde as reportagens, entrevistas, poesia, prosa, eventos, ensaios, biografia de escritores, entre outros assuntos.
    Como sempre, esperamos as vossas colaborações. Semanalmente sera feita a pergunta da semana para os comentários de todos.
    Aqui é a casa onde nos vamos encontrar para vários debates. Nunca mais será feriado para nós, todos dias, serão dias de trabalho!
    Um ano de vida nos fazem querer estar contantemente em vossa companhia. Por isso aqui, sempre estaremos, juntos como nunca.


    Abraços do editor
    Eduardo Quive

    Breves considerações sobre a entrada de Moçambique no novo Acordo Ortográfico de Língua Portuguesa


    Eduardo Quive
    Antes não dera nenhum comentário sobre a possível integração de Moçambique, no novo Acordo Ortográfico de Língua Portuguesa, uma decisão que pode custar cerca de 111 milhões de dólares ao governo moçambicano.
    De facto, quanto a mim, a unificação da língua e das suas variantes interessa os seus falantes, principalmente na hera em que o mundo está a unir os seus bocados e os países abriram as suas fronteiras para outros povos.
    Tem sido difícil a comunicação entre as comunidades lusófonas com os excessos e escassez que uns tem sob a Língua Portuguesa, onde cada pais vai adaptando a sua língua e forma de expressão ao seu gosto, motivado pela falta de directivas e orientações únicas para todos.
    Nos solos Moçambicanos, temos sido seguidores do Português Europeu. Seja por uma simples herança, seja por razões de prevenção de prováveis conflitos étnicos por falta de uma língua nacional e unificadora ou mesmo por uma razão estratégica de fácil integração no mundo.
    Justifica-se esta abordagem, pelo facto de até hoje, 36 anos depois da independência, a mesma altura em que o Português passou a designar língua oficial de expressão em Moçambique, são até ao momento cerca de menos de 10 milhões de moçambicanos que sabem se expressar na Língua Portuguesa.
    Nem por isso, sabe-se de antemão, que bem antes da independência a Língua Portuguesa já se falava, isto por imposição do colono e por outro lado, pela necessidade de compreender a língua que o opressor falava de modo a entender a sua estratégia e adquirir forma de livrar-se de si.
    Mas este percurso histórico não é o destino da nossa opinião. O que pretendemos é dizer que antes mesmo de se pensar na ratificação do Acordo Ortográfico, deve-se pensar e analisar as questões que até se parecem simples pormenores, entretanto, são de elevada importância.
    Que não olhe-se apenas pelo lado financeiro da “coisa” mas pelo lado prático: Poderá Moçambique conseguir integrar-se facilmente na mudança de ortografia?
    Quando falamos aqui de Moçambique, referi-mos aos moçambicanos. Falo de cerca de 22 milhões de pessoas. Divididas em 32 línguas e variantes alistadas.
    Em fim, este debate sobre a unificação da Língua Portuguesa penso que é importante, mas carece duma cautela quando se trata de tomar decisões e deve se ter em conta os métodos de aplicação de tais metodologias necessárias para que seja possível o projecto.

    LITERATAS: Poesiando a literatura!

    Nota do Editor: Eduardo Quive


    Poético!
    É facto que somos já lavradores da palavra, não no verdadeiro sentido, mas na lírica forma contemporânea de “Dizer, Fazer e Sentir a Literatura” com um intenso contributo do Movimento Literário Kuphaluxa em abrir este espaço onde os novatos convergem a sua criação.
    Lembro-me do Msaho, na autêntica criação de Gulamo Khan e Raul Alves Calane da Silva, duas figuras que impulsionaram este grande espaço de revelação da palavra, a poesia que fazia dançar um público que se aglomerava no correcto do Tuduro, ali onde até hoje o público se encontra a lembrar as marcas deixadas por estes dois.
    Infelizmente, Gulamo Khan, morera na tragédia que levou o primeiro presidente de Moçambique, Samora Machel e Calane da Silva, ainda vive connosco. Vive com e para a palavra. Ainda continua impulsionando, motivando e inspirando a juventude. O Kuphaluxa é o exemplo disso e a Revista Literatas é mais uma inspiração do Msaho do modo mais amplo de abrangência.
    A nossa meta é o além. O além da poesia, o além da prosa, o além de todas as palavras, a literatura na sua maior expressão, com espaço principalmente para os novatos e para um inter conexão entre escrevedores e líricos desde aos mais jovens da literatura moçambicana, até aos mais nobres da lusofonia!
    Agora somos uma comunidade de divulgação da literatura do mais poético modo de expressão. Somos uma página aberta para todos que querem entrar e somos um conjunto de mais de 3000 leitores, o que nos faz acreditar que somos literatos!
    Quadro ilustrativo de visitas por país desde a nossa criação em Janeiro deste ano:

    Moçambique
    1 269
    Brasil
    618
    Estados Unidos
    270
    Rússia
    187
    Portugal
    79
    Japão
    39
    Itália
    37
    Reino Unido
    36
    Coreia do Sul
    29
    Alemanha
    28
    A Revista Literatas, é “Dizer, Fazer e Sentir a Literatura. É poetizar a Literatura. Um espaço onde não se tem limites para a arte de escrita. Um lugar onde a Lua não alcança. Um espaço onde desde os poetas até aos contistas dos tempos de hoje se realizam e isto, devido ao empenho de cada um dos nossos colaboradores.
    Já agora, não posso terminar este artigo que se pode chamar de editorial ou mesmo um conjunto de palavras de exaltação, que apesar de serem escritas pelo editor, resultam de vários comentários que temos recebido, desde Maputo até para além do continente negro, sem mencionar os países de que nos vem colaborações como: Brasil, Portugal, e com a presença da província do centro de Moçambique, Tete, para além de várias colaborações dentro de Maputo que nos fazem grandes, mesmo pequenos!
    Outro assunto não menos importante de falar neste texto, é sobre a realização da IIª Feira do Livro de Maputo, uma evento onde se celebrou a palavra entre os dias 29 e 30 de Abril e 01 de Maio.
    Curiosamente, dentre várias pessoas que visitaram o evento, vi músicos!
    É verdade Roberto Chitsondso, Moreira Chonguiça, José Mucavele estavam lá! E outros músicos também. Esta foi uma particularidade que muito mostrou a diferença no que diz respeito a importância do livro, este que não só foi feito para literatas.
    Outro facto não menos importante, foi o espaço dado aos novos autores, isto é autores emergentes como o caso dos integrantes do Movimento Literário Kuphaluxa, que foi o primeiro grupo em palco da feira para homenagear Malangatana Valente Ngwenha, artista de todas as artes, pintor-mor.
    A homenagem ao poeta entre os poetas. O autor da Duas quadras para Rosa Xikwachula. O poeta vagabundo! Um exemplo de homem que viveu apenas da palavra, aos 5 de Fevereiro deste ano, Amim Nordine.

    De facto esta edição, que é a segunda, da Feira do Livro de Maputo, foi para “Dizer, Fazer e Sentir a Literatura” e quanto a nós, o Grupo Culturando teve uma visão única ao decidir levar a vante esta iniciativa e está de parabéns a Naturalmente, a quem coube a produção deste evento. Nota 10.



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