EM DESTAQUE

  • RUA ARAÚJO….É hora de ir a putaria. Conto de Eduardo Quive
  • FESTIVAL INTERNACIONAL SHOWESIA – levando a mensagem sobre a Paz no Mundo através da arte
  • VALE A PENA GASTAR 111 MILHÕES USD PARA ALTERAR A LÍNGUA?
  • Feira do Livro da Minerva Central na 76ª Edição em Maputo”.
  • SEGUIDORES

    LEIA AQUI A EDIÇÃO 51

    Pub

    EDITORIAL-48: Assim vão as coisas em Moçambique…


    Eduardo Quive - Maputo

    Esta é a quadragésima oitava vez que nos apresentamos a si, caro leitor. Ainda não cessamos a tarefa de informar sobre as letras, debater e divulgar, propósitos imutáveis desta Literatas nossa que nasce do sangue dos poetas, prosadores, críticos entre novos e velhos que embarcam quinzenalmente nesta loucura missão de fazer a arte virtualmente a partir de um país onde há uma maioria considerável que não tem acesso à internet. Cada espreita dela que damos aos leitores, sentimos que vale a pena e quando saímos, vemos olhos ansiosos e ouvidos famintos por uma boa literatura e com fronteiras abertas. Assim falamos nós sem retratos imaginários, estamos na vida real entre os naturalistas, realistas e surrealistas até aos experimentalistas. A literatura é feita de movimentos e só se move que sem deixa morder por esse bicho perigoso que se chama palavra.
    Já diz o brasileiro Alberto Lins Caldas, esse homem que escreve tudo a minúscula inicial incluindo o nome do país porque reconhece que a tarefa do escritor é criar o seu mundo, as suas gentes a que acaba se tornando servo. o leão é uma forma de zebra, a anta é uma forma de onça, o capitalista é uma forma de operário, um latifundiário é uma forma de camponês. É tudo uma forma, e nós, na virtual forma, fazemos a saudade, a lembrança, o desejo e outros prazeres que achamos que só fisicamente fazem sentido.
    Saímos de Outubro onde pela primeira vez, realizou-se a Mostra de Literatura Infanto-Juvenil em Maputo com a convidada especial Lurdes Breda, escritora portuguesa com cerca de 20 títulos publicados, na sua maioria infantis. Foi mais uma daquelas viagens a jangada nas águas agressivas da barra do Limpompo que engolem vidas na travessia dos tempos. Mas acima de tudo, foi uma viagem repleta de experiências marcantes para a Literatura Infantil em Moçambique, género que ainda padece de desinteresse pela maioria. Isto ainda leva-nos a questionar se as crianças moçambicanas têm acesso a uma literatura da sua faixa etária ou não. E a resposta é não.
     Na obrigação que se tem feito publicidade ultimamente, os adultos dizem “é de pequeno que se torce o pepino, as crianças devem crescer com hábitos de leitura”, mas os livros para essa camada aonde estão? Eis a hora de se despertar, não se pode exigir das crianças que leiam obras adultas, com palavras que nunca viram e ouviram, todas páginas só com palavras secas, tudo a sério. Assim, como diz, Lurdes, elas só se assustam. Há que se investir numa literatura adequada para os petizes e não impor que elas leiam os clássicos e os compreendam como os adultos. É até por falta dessa diferenciação, que temos agora crianças a partilhar as famosas novelas brasileiras com os adultos com cenas pornográficas e palavras obscenas a boa moda da juventude moderna.
    E mesmo a propósito das novelas, outra vez o Hélder, meu sobrinho de 2000, uma vez disse à Lulu, sua irmã de 2005 “me dá um beijo de amor”. A irritação não me coube no peito, afinal não são os miúdos que vão atrás das novelas, são as novelas que vão atrás deles, pois é de manhã, é de tarde, é de noite, elas são propaladas e sem nenhuma hipótese de evitá-las.
    O maior preocupante é que na actual Política de Livro ainda em discussão, parece que as crianças não fazem parte das decisões do governo sobre a sua educação cultural e sobre os seus livros. Há que se tomar decisões tendo em conta todos os níveis, se não, a sociedade estará formada em estranhos fragmentos. 

    0 comentários:

    Enviar um comentário

    Pub

    AS MAIS LIDAS DA SEMANA

    Twitter Delicious Facebook Digg Stumbleupon Favorites More