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    EDITORIAL-45: “Nós somos cidadãos da eternidade”

    Eduardo Quive


    Fiódor Dostoiévski tinha um autêntico músculo erudito; uma satírica forma de ver o mundo e as coisas, por isso, verifica-se nas suas abordagens, a normalidade com que lida com o meio e os seus acontecimentos. É essa relevância lúdica que faz de si, provavelmente, o escritor de todos os tempos, todas as gerações e de todos os continentes. A escrita nem pela língua nos limita, aliás, a essência de uma obra, muitas vezes, está na familiaridade que o autor tem com a língua da sua escrita, isso podemos encontrar em Dostoiévski, este nome que constantemente associa-se a bons escritores dos tempos actuais.
    Ao começar esta abordagem falando do escritor russo que, para além, de autor da frase que guia este editorial é também autor da viva frase como esta “Sofrer e chorar significa viver.” Ana Paula Maia e Décio Bettencourt Mateus, dois escritores de países diferentes, Brasil e Angola, são uma combinação perfeita que vieram a calhar em simultâneo neste número. Trata-se de dois escritores de géneros literários diferentes, (um é contista e romancista, outro poeta) em que não se encontram neles grandes diferenças sob ponto de vista de conteúdo e abordagem.
    Na poesia de Décio Bettencourt, poeta angolano, vigora um cidadão comum cantante das coisas de gente comum, como a Zungueira (vendedoras ambulantes), o Candongueiro (em Moçambique chamados por Chapeiros), gentes dos “Pés Descalços”, andantes e batalhadores que no final do dia, apenas o arroz lhes interessa.
    Ana Paula Maia, não foge dessa abordagem, indo ao encontro, entretanto, de uma sociedade cáustica brasileira, falando de factos, que parecem ficção para alguns e, por isso, tratados pela autora com a devida solidez e frieza que eles merecem. Uma escritora que diante daquilo que vê, mantém-se escritora sem afugentar-se na cidadã de um país que também é.
    Na verdade, há um encontro inadiável entre a África e América Latina que vigora desde tenra idade. Os factos narrados por esses povos, não precisam serem inventados, porém, apimentados como só estes escritores sabem fazer num processo que une, o escritor, o cidadão e o infiltrado na sociedade. Uma boa literatura exige do autor essa coragem do Ser e por muitas vezes do Estar. Mas acima de tudo o que conta é a coragem de falar do quotidiano sem achar nele um mistério específico, fazendo da própria vida, esse mistério de bom contador de histórias.
    Ana Paula Maia é a personagem desta quinzena – 14 a 27 de Setembro. Décio Bettencourt Mateus angolano nascido em Menongue, província do Kuando-Kubango, sul de Angola, a 11 de Setembro de 1967, autor de “Os Meus Pés Descalços”, “Gente de Mulher” e “Xé Candongueiro!” é o entrevistado. Duas figuras dos mesmos tempos, países diferentes e escrita homogénea.

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