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    MIRANDA, UM MALDITO MUNDIAL


    Prefácio da obra "Vozes do Sul do Mundo" do escritor brasileiro Luiz de Miranda





    Luiz de Miranda é o melhor poeta gaúcho em atividade.


    Um dos melhores da história da poesia do Rio Grande do


    Sul, pois reúne na sua poesia e na sua vida os atributos do grande


    artista da palavra: capacidade de criação de imagens inusitadas


    e reveladoras, sonoridade, ritmo e maldição. Sim, Miranda, como


    todo grande poeta, é um maldito. Charles Baudelaire e Jean-


    Arthur Rimbaud foram malditos, os maravilhosos malditos de um


    tempo de poesia. Cesar Vallejo também foi maldito. A maldição é


    um estilo de vida, uma visão de mundo e um jeito de ser. Nestes


    tempos materialistas e vulgares, maldito é quem não se dobra


    ao cânone da mídia ou quem larga tudo para assinar na ficha do


    hotel: poeta. Esse é Luiz de Miranda.


    Este livro, Vozes do sul do mundo, revela, mais uma vez, a força


    poética avassaladora de Luiz de Miranda, tradutor do imaginário


    do pampa em palavras certeiras e em imagens desconcertantes,


    o que aparece já de entrada de jogo: O que posso é pampa/e isto


    me basta. Aí está: Miranda fala de um mundo, entre mítico e real,


    sem clichês nem concessões ao tradicionalismo de mau gosto ou


    ao gosto mau da violência perversa. Que força é essa que brota


    da mente do poeta como um rio caudaloso e infinito, arrastando


    tempos e cercas, homens e histórias, árvores e sonhos? Que força


    é essa que lhe permite conceber estes versos: Neste turvo quarto


    da solidão./Me olha o fim do inverno,/o inferno das estações?



    Tempo de um recomeço. 



    Luiz de Miranda é poeta. Uma voz do sul do mundo, um


    mundo ao sul da sua voz, uma voz do começo e do fim, ora


    gelada, ora fervente, sempre à margem da corrente dominante


    para assim poder recolher os frutos da maldição. A poesia não se


    explica. A alma do poeta é um vasto território desconhecido da


    ciência, uma espécie de pampa sem limites nem povoadores onde


    reina soberano e solitário o caçador de sensações, de imagens e


    de sons. A cada livro de Miranda, a gente pensa: lá vem o poeta


    arando a terra, abrindo sulcos, trazendo à tona a vida, a nossa


    vida, des(en)cobrindo coisas, tirando o véu, dando à luz, fazendo


    ver, (des)construindo, fazendo existir.


    Na poesia gaúcha, Miranda é cavaleiro solitário.

    Juremir Machado da Silva


    Porto Alegre, 21 de abril de 2011.

    O livro "Vozes do sul do Mundo" será lançada no dia 1 de Junho de 2011, a partir das 18:30 horas, no  Instituto Estadual do Livro - IEL, em Porto Alegre - Brasil.

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