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    "Monangambéé..."


     Américo Matavele - Maputo


    Naquela roça grande
    Não tem chuva
    É o suor do meu rosto
    Que rega as plantações;
    Naquela roça grande
    Tem café maduro
    E aquele vermelho – cereja
    São gotas do meu sangue
    Feitas seiva.

    O café vai ser torrado
    Pisado, torturado,
    Vai ficar negro,
    Negro da cor do contratado.
    Negro da cor do contratado!

    Perguntem às aves que cantam,
    Aos regatos de alegre serpentear
    E ao vento forte do sertão:

    Quem se levanta cedo?
    Quem vai à tonga?
    Quem traz pela estrada longa
    A tipóia ou o cacho de dendém?
    Quem capina e em paga recebe desdém
    fuba podre, peixe podre,
    Panos ruins, cinquenta angolares
    "Porrada se refilares"?

    Quem?
    Quem faz o milho crescer
    E os laranjais florescer?
    - Quem?
    Quem dá dinheiro para o patrão comprar
    Máquinas, carros, senhoras
    E cabeças de pretos para os motores?

    Quem faz o branco prosperar,
    Ter barriga grande
    - Ter dinheiro?
    - Quem?

    E as aves que cantam,
    Os regatos de alegre serpentear
    E o vento forte do sertão
    responderão:

    - "Monangambééé..."

    Ah! Deixem-me ao menos subir às palmeiras
    Deixem-me beber maruvo
    E esquecer diluído
    Nas minhas bebedeiras

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