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    O passo certo no caminho errado: Trezentos e sessenta e tal dias


    Nelson Lineu – Maputo




    Mesmo conhecendo a máxima do Nietzs-che Segundo a qual tínhamos que fazer as coisas com amor de mãe, por elas não quererem recompensa dos filhos; a Deusa da palavra deu-me luz nesse maningue naice espaço do mundo, nas mãos kuphaluxadas que todos dias apanhavam e continuam apanhando lenha para que eu conte estórias, numa fogueira que cruza mares, renascendo em cada cultura num dinâmico e mestiço vocábulo, em sotaques que lhe tornam único e belo, pincelado por um respeito mútuo que se quer reinventado.
    Eu, o areópago onde os criadores acentuam o seu paradigma de libertar conhecendo o seu valor por necessidade não por vaidade, com o testemunho do poeta da Mafalala, a dificuldade da verdadeira poesia não são as ideias mas as palavras. Que nascem das letras, e fazem frases, que por seu turno apresentam-nos textos, que se harmonizam em livros, e os livros vivem de fazer. Acção que levou-me a dar volta aos Trezentos e sessenta e tal dias, quero que cada encontro de palavras seja o ómega, como digo: não existe fim, o que existe é um novo começo.
    O deixares de ser você não é para ser outro, mas para ser mais você mesmo. Essa conexão é a minha alegria, lembrando que as tristezas passam e alegrias são para sempre. Não para serem conservadas mas criadas dando-lhes novos tons, quanto mais cúmplices forem, mais energia transmitirei um ano outro, já que os passos de alguém revelam se já se encontram no seu destino e quem conhece o seu caminho, conhece o seu bom vento, como falou uma vez Zara-tustra na sua caverna.
    Aqui onde o erro é necessário, chegando a dar-se passo certo mesmo no caminho errado. Como quem anda por cima da água, eremita na multidão, múltiplo na solidão, num ser ou não, ora contemporâneo ora extemporâneo, entre tudo e nada, podendo até ser nada desde que em si exista. Não existe fronteira no sentir ou como quero nas palavras, quem tenta impor limita-se a si mesmo.
    A língua, esse fio que nos missanga não deve ser o nosso único elo de liga-ção, podendo rebentar do lado mais fraco e nos dispersar-mos. Ela não existe fora de nós, Nós é que damos-lhe existência, muitas vezes movidas por nos-sos interesses que nem sempre são comuns e nem necessariamente devem ser. Nela devemos encontrar o nosso rosto como se fosse espelho, e esse espelho entre outros nomes pode chamar-se literatura. Quando vamos ao espelho cinemar-nos, bonito ou feio, quem diz não é o espelho somos nós, ele só repete o que o dissemos, só que na sua linguagem.

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