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    O Passo Certo no Caminho Errado: A Saudação

    Nelson Lineu - Moçambique

    Quando Alberto entrou no chapa, uma questão pairava na cabeça dos passageiros: “ de que lado ele estava?”. a questão era por causa da ligadura na testa, pontos na parte exterior do nariz e os lábios inchados; propriamente, se ele pertenceria a turma do assaltantes ou dos assaltados. Com todos os olhos sobre ele, como se advinha-se o que os outros estavam a pensar, tratou de esclarecer, lamentando-se, foi assaltado, eram vinte e três horas, numa rua sem iluminação, sem policiamento; logo que saudou os meliantes, ao dar por si viu-se sem telemóvel, carteira. O estado do rosto era correctivo dos assaltantes por causa dos seus gritos - embora inconscientes - e uma resistência por instinto. A partir desse momento, as pessoas foram dando opiniões acerca das razões que podiam estar por de trás daquele incidente, os que eram a favor apoiavam os argumentos ou acrescentavam, os contras não só refutavam davam as suas posições. Um funcionário público disse que era por causa da crescente desigualdade social. Uma senhora que era revendedeira num dos mercados da cidade disse que o problema era da hora do assalto, e que a desigualdade social era algo que acontecia em todo mundo e nem todos eram assaltantes. Um empregado doméstico concordou com a senhora, mas tinha um outro factor, a falta de iluminação. Contrapôs um segurança duma empresa privada, para ele esse não era o motivo suficiente - até porque certos assaltos também aconteciam de dia -, com isso o problema era dos policias que não andam nas ruas para proteger os cidadãos, algumas vezes eles mesmos participavam nos crimes directo ou indirectamente. Rebateu uma moça que contou, que numa noite, graças a ajuda dos policias escapou de uns homens que queriam violentar-lhe sexualmente, e como agradecimento pele serviço prestado não só a ela mas ao povo no geral teve que se deitar com eles, mesmo na estrada. Os que chegavam no seu destino desciam e outros subiam, o debate continuava, mas as opiniões não fugiam muito do que os outros disseram. Quase a chegarem na paragem, um homem que estava no último banco do lado esquerdo, que até então não tinha falado nada, era como se não ouvisse o que os outros diziam, por isso todos prestavam atenção quando ele falava, seguro de cada palavra que saía da sua boca, os gestos confirmavam, o olhar decepava qualquer duvida. – Todas as posições são plausíveis, a desigualdade social podia estar atrás desses assaltos, a escuridão, a falta de segurança na rua. Pela minha experiência, o que foi decisivo e originou o assalto, foi o facto de o Alberto ter cumprimentado os assaltantes, o que revelou medo por parte dele, tornando-o vulnerável. Essa posição teve aplausos, não se sabe pelo certo, se pelo conteúdo ou pela habilidade na fala. Mas a duvida mas relevante é que todos desceram com uma mesma questão: De que lado o homem estava? Se dos assaltantes ou assaltados.

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