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    O passo certo no caminho errado: A Farra do livro


    Nelson Lineu – Maputo



    Decorreu do dia 20 á 22 deste mês a III feira do livro de Maputo, no FEIMA (feira de artesanato, flor e gas-tronomia de Maputo), mesmo ao lado do parque dos continuadores. Essa palavra “continuadores” fui ou-vindo em música nos meus primeiros nos de vida, em mim sempre entoou alto o trecho que os músicos, nesse caso jovens, diziam que eram continuadores da revolução moçambicana. Hoje eu dando primeiros passos na escrita, a palavra veio mesmo a calhar.
    Mia couto, cronicando perguntou se hoje tínhamos continuadores, de quê, num sentido mais amplo, política e sociedade. Na literatura essa questão tam-bém aparece com o mesmo pesar. Com essa quase marginalização da literatura, é fácil justificar, quando quem está em frente das livrarias, editoras e órgãos decisórios do governo são pessoas que não estavam directamente envolvidas com ela. Cai por baixo quando os intervenientes afastavam-se dessas for-malidades, o balde de água fria vem ao notar-se que hoje temos protagonistas dentro e a coisa mantém ou piora.
    Tivemos uma feira de livro pouco divulgado quer den-tro da cidade, país e muito menos fora. Eu passo a observação se a organizador não o fez porque a feira não tinha atractivos. Estando num país ou cidade em que o público literário acaba sendo o mesmo, na mesma semana ou dia em que ocorreu a feira da ci-dade houve outra, só que numa livraria, teve a inau-guração do primeiro-ministro e a da cidade do presi-dente do município. Essa feira seria um momento de interacção entre o escritores, leitores e livros, claro não só nacionais, e se nacionais não só de Maputo. o triângulo que tivemos foi do vendedor, mercadoria( livro em promoção) e cliente.
    O que a mim intriga é ter esses eventos patrocinados pelos países que financiam o estado, com eles atrás dessa mediocridade e a verem acontecer, qual é o pa-pel deles quando não vem a acontecer as coisas, quais são os seus interesses? Outra situação é que os doadores (assim como chamamos), estando a fi-nanciar o estado, governo ou partido porque para nós fazem-nos crer que não existe diferença, nesse apar-ente desleixo não acontece o mesmo com as nossas vidas? Essas reflexões fazia, após o final da feira com amigos onde provamos uns copos, as 23 horas trans-portado por uma chapa, cheguei no bairro. Antes de pisar a rua da casa encontrei três jovens, cumprimen-tei e eles responderam-me com o apertar do pescoço, tiram-me os sapatos, carteira telemóvel (segurança é o sector que é mais drenado dinheiro no orçamento de estado), abriram a pasta que continha livros e me devolveram com todos juntos, acredito que se eles estivessem um na mão ofereciam-me.

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