EM DESTAQUE

  • RUA ARAÚJO….É hora de ir a putaria. Conto de Eduardo Quive
  • FESTIVAL INTERNACIONAL SHOWESIA – levando a mensagem sobre a Paz no Mundo através da arte
  • VALE A PENA GASTAR 111 MILHÕES USD PARA ALTERAR A LÍNGUA?
  • Feira do Livro da Minerva Central na 76ª Edição em Maputo”.
  • SEGUIDORES

    LEIA AQUI A EDIÇÃO 51

    Pub

    O passo certo no caminho errado: O sonho imaginário



    Nelson Lineu – Maputo


    O som sai da sua boca, faz dela um instrumento musi-cal, som de apaziguar almas, resgatar para a mente as coisas boas da vida, as veias dançam, a poesia faz-se e mais leves ficam os que escutam, para tal a condição era ser cliente da sapataria de Fernando Sola.
    Quem espalhava música para aquelas diferentes qua-tro paredes é o Ernesto, elas são diferentes, caniço, madeira, cimento e a outra está maticada com areia. Cada pessoa sentava ao lado da parede consoante a sua posição na sociedade, assim seriam confiáveis nos seus segredos já que elas o guardam. O tecto era feito do céu, um material que segundo ele era fabricado por Deus, a chuva e sol não penetravam naquele espaço, a varanda também tinha direito de ter sombra como as outras, em tempos de chuva ou muito sol a quem abri-gava-se lá.
    O músico nascerá deformado com cada parte do corpo diferente da outra, apenas os olhos eram iguais, uns dizia que era por isso que eram cegos, ele não era cego os seus olhos é que era. Depois da morte dos pais aos seus catorze anos, nenhum dos seus quis abriga-lo, um deles levou-lhe para viajar e lhe deixaram numa das ruas desse destino, onde a agonia, solidão, desafecto, trouxe-lhe esse dom. Familiarizado com a sua casa, até nem sentia falta da visão para se loco-mover para os diferentes compartimentos da casa, o mesmo acontecia com o quintal e bairro, assim como as pessoas que lhe rodeavam.
    Num mundo novo teve que reapurar os seus sentidos para viver, até que foi parar na sapataria, onde passou a noite, já que não tinha portas, porque o sapateiro dizia que se tivesse que ter porta tinha que ser compe-tente para todas as paredes, se fosse por exemplo de madeira como aconteceu roubaram, e foi trocando até que parou de ter roubos quando pós capulana.
    Quando Fernando Sola chega encontra o cego musi-cando. Era um momento em que a clientela se afasta-va da Solaria. Ele vinha como quem vai à uma guerra sem armas nem defesa, escutar aquele musical armou-lhe, entrou como quem entra num sitio pela primeira vez, assustado não estava, a questão dele era se não estava sonhar sentir-se como estava a sentir-se só podia ser num sonho, ele e a vida nunca tinham sido tão cúmplices um com outro numa coisa como naquele instante, soube eternizar em si mais do que uma foto-grafia. Sobressalta-se do sonho imaginário quando o Ernesto da conta dele para de musicar. Regressado ao mundo procura confirmar se aquele som que lhe punha em contacto com a natureza, pede para o miúdo reto-mar, só parou depois de três horas de música, pois esperava que o sola mandasse parar, só fez com a chegada do primeiro cliente, foi nesse momento que se apresentaram, não era preciso dizer nada, o sola ouviu toda história da vida do miúdo na música, embora não com o mesmo tom de tristeza que se davam os factos.

    0 comentários:

    Enviar um comentário

    Pub

    AS MAIS LIDAS DA SEMANA

    Twitter Delicious Facebook Digg Stumbleupon Favorites More