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    O passo certo no caminho errado: O Perguntador e o Primeiro


    Nelson Lineu – Maputo


    Fechado o jor-nal, Horácio esperava ansiosamente pelo impacto a quando da saída as bancas, sentimento igual a esse teve com a sua primeiro texto. Nunca conseguiu convencer os familiares sobre o nome da sua profissão, dizia ser jornalista. Por estar a fazer constan-temente perguntas a profissão dele era perguntador, sentenciavam os seus, a língua portuguesa não podia ser tão enganadora.
    A ansiedade desta vez era diferente, o medo lhe subia os pés, ques-tionava-se sobre o porquê dos jornalistas terem que pagar com a vida ou com a pobreza, por coisas que não são eles a falar. Era admirador do jornalista Carlos Cardoso, que foi assassinado por não respeitar a liberdade de expressão vigente, ilimitando-se. O Horácio e outros, no dia em que se assinala mais um ano da efeméride, aparecem em debates, prestavam homenagens, mas quase ninguém, desrespeitava também a liberdade de expressão, por isso a não entrega do premio de jornalismo investigativo com o nome dele num desses anos. No seu terceiro cigarro encontra a resposta da sua espinhosa questão, eram intimidados, porque os outros só falavam por causa das pergun-tas deles. Encontrava sentido do nome que os familiares davam a sua profissão.
    O que fazia-lhe estar naquele estado, era a reportagem, da conferên-cia de imprensa, convocada pelo director duma empresa estatal. De princípio notou que ele queria ser herói, mas o que contrastava era facto de sê-lo por incompetência. Logo ficou claro, para ele era mais importante ser primeiro do que herói.
    - Temos o primeiro presidente da frente que libertou o país, quem deu o primeiro tiro, primeiro presidente da república de Moçambi-que, o primeiro presidente empresário. Por ser incapaz, formação deficiente, demito-me do meu cargo, por tanto serei o primeiro a demitir-se nesse país.
    Mesmo sabendo que mais tarde alguns reclamariam o seu posto de primeiro, ele continuava firme a ambição dele o guiaria, o seu esfor-ço ou risco não seria menor que dos outros. Num país em que está tudo bem como testemunha têm-se o informe anual do estadista. As suas declarações contrariavam o cenário pintado na presidência. Um som saia do telefone dele, era sinal da bateria estar carregada, para a positividade da sua ansiedade, segundo o seu ponto de vista, com o jornal nas bancas, de certeza receberia ameaças, intimidações, esse era o reconhecimento dos jornalistas por essa África.

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