De: Mauro Brito - Maputo
Já na cama buzinas me chamam. Pobre de mim; Calma ai! pobre dos que se encontram nos autocarros, eu ainda cá me salvo e os demais? Não são com amenos cantares dos passaros que me rasgo da cama, são buzinas, são pneus, motores avançando, vão e vem, voam e navegam; em fim.
Meto-me num dos chapas e lá vou, talvez ao céu ou à escola ou trabalho, muitos outros que aos assentos vão disfrutando dessas astronómicas velocidades com qual os chapeiros andam, desejam também chegar ao trabalho, à escola, etc: mas tal nem sempre lhes acontece, desviam-nas para as morgues e cimitérios. Que triste esse cenário. O que me entristece ainda mais é o facto de sermos considerados pelos chapeiros como animais, mercadorias, inuteis; apenas simples fardos de carga, ora vejamos: Um autocarro com 29 lugares, acabam levando 50 a 60 passageiros nas suas andanças, e na maior das inocências.
Pobre das nossas almas que são violadas pelos nossos próprios irmãos, que triste; queremos chegar a casa mais cedo, fugir da noite, do frio da noite, da cacimba, do alvoroço e tornamo-nos refens dess corja que pilota autocarros de transporte de passageiros; próximo aos semaforos param ansiosos em acelerar as máquinas, a sinalização automática lhes atrapalha o negócio. Param bruscamente quase que pelas janelas são cuspidos os passageiros e ficam brincando com o acelerador e o volante, como de grandes campeões de FORMULA 1 se tratassem, ( Filipe Massa, Lewis Hamilton, etc)
Quanto mais passageiros empilhados , mais lugar surge, até parece que os assentos são invisíveis. “ há espaço ai atrás , vamos lá pah, quem não quer pode descer” diz o cobrador. Ensardinhados, pisados, roubados, humilhados, abusados e num olhar impávido contra os passageiros vêm moedas de 5mt que lhes enche a algibeira a cada dia que passa, e cada dia que se vai são vidas que se vão para outras vidas.
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