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    O passo certo no caminho errado: O bicho bicha


    Nelson Lineu – Maputo


    Desta vez a Palmira é décima sétima na bicha, e acontece o contrário das outras bichas por ela frequentada quase que assiduamente, nesta não está por necessidade como ela diz para si é por desnecessidade. Espera pela vez de ser ouvida pela autoridade. Vai vendo uma e outra pessoa entrando, as que saem pelas aparência notasse que são pessoas de posses, o seu semblante continua invariável, como as outras vezes não fez carretas, nem des-peja palavrões, convive com aquele calvário como em casa com mosquito. Entre nós, não existem serviços que se abdiquem das bichas, funciona como sinal de procura, prosperidade, o que mais a incomoda é facto dos prestadores desses serviços não darem sinal de melhoria das condições, o bem-estar dos clientes está em último na bicha deles.
    A Palmira sabendo que os idosos, as mulheres grávidas não se fazem as bichas, pela prioridade assim convencionada, não via a hora de engravidar e ter os seus nove meses de acesso livre. Já que para além de pagar os produtos tinha que pagar o acesso, ficando na bicha. Ela vivia maritalmente com o Palmar, de princípio dizia que ainda queria viver a sua juventude por isso como as campanhas de luta contra o sida dizia ser só para mais tarde, por causa das bichas mudou de ideia logo, inverteram-se os papéis, hoje é o palmar que é posto con-tra parede para ela engravidar, pela demora ela passou a chamar-lhe por incompetente. Pediu para o esposo ir ao curandeiro, ambos eram religiosos ferrenhos, mas ele não seria capaz de cometer esse pecado, se fosse por forças sobrenaturais só tinha que ser Deus, passou a rezar mais do que pensar, ela foi à uma curandeira para se sentir mais a vontade por causa do sexo, mas para dar certo tinha que ter anuên-cia do marido, daí que resultou num fracasso, viviam esse impasse enquanto ela continuava a sofrer nas bichas.
    Até que tomou uma atitude, a mesma que lhe faz ficar nessa bicha de hoje, pegou num pano foi cozendo e pegou em esponjas e pós até que o Palmar indaga: - estas a fazer uma almofada. - Estou a fazer grávida - respondeu ela. O palmar não tinha como discutir com ela, aliás ela não deixaria, ele próprio fazia das dores da mulher nas bichas a sua, ele até podia aceitar aquilo menos ir ao curandeiro, não podia desobedecer ao Padre. Ela vestiu a bata que já tinha comprado à muito e dirigiu-se a bicha consoante a sua necessidade, mas teve que andar alguns quilómetros do seu bairro para não merecer suspei-tas, qualquer sacrifício para evitar as bichas eram bem-vindos. Embora dela fosse falsa, percebia porquê as mulheres grávidas sen-tiam-se donas do mundo, eram centros de atenção. Já no combate só faltava tapete vermelho para pisar ao entrar naquela porta que ela acabou de decifrar o enigma. Os dias foram passando, embora ela tivesse que caminhar um pouco mais do que o habitual para comprar a vida como ela mesmo dizia, o tempo para alcançar os seus objecti-vos era curto e é que contava mais, porque ele é que o dinheiro. Hoje foi numa em que a situação fazia com que todos se tratassem da mes-ma maneira, a desordem impunha-se, viu ambulância a levar um velho, quando ela mesma subia o carro da policia com uma pulseira mais pesada do que a que ela usava nos seus passeios, essa não tinha nada a ver com vaidade, descobriram a sua farsa, no meio da confu-são e tensão, entre empurros e apuros a almofada ou seja a grávida caiu, a policia estava lá para repor a ordem inclusive repôs a barriga dela. E agora esta mais uma vez numa bicha a espera de ser ouvida pelo policia. E vai jogando a culpa ao marido. – Se aquele palmar desse coco – lamentava.

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