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    Livaningo: uma luz para novos autores



    A 10 de Maio de 2012, quando decidiram “sonhar alto”, ao idealizar uma editora, os jovens Elcídio Bila de 23 anos, José dos Remédios de 25 anos e Jossias Guambe de 45 anos de idade, ambos a frequentar o ensino superior na área das letras e ciências sociais, não sabiam em que mares pretendiam navegar. Mas agora ao lançarem os dois primeiros livros da sua editora, tem já em mente os desafios que irão enfrentar para implantar-se no panorama literário nacional através de uma editora que faz livros a partir do cartão.


    Eduardo Quive - Moçambique


    U m facto exclusivo na Literatura Moçambicana e da cultura de uma forma geral. Jovens que procuram medidas alternativas para fazer face ao alto custo do livro, poucas oportunidades, se não nenhuma, para a publicação de novos autores e a acessibilidade do livro aos que tem pouco dinheiro, mas precisam de ler.
    Elcídio Bila frequenta o terceiro ano de licenciatura em Ensino de Português, no mesmo ano estão José dos Remédios e Jossias Guambe a frequentar licenciatura em Literatura Moçambicana e Ensino de Inglês, respectivamente. Ambos apostaram na criação de uma editora de livros de cartão denominada Livaningo – Cartão d’Arte.
    O primeiro passo da editora deu-se no dia 27 de Julho com o lançamento dos dois primeiros livros por si produzidos, nomeadamente, Mutxukumetiwa da autoria de Rei do Gado e Estatuto e Focalização de Aurélio Cuna. Mas como garantiu-nos Elcídio Bila, esse foi o começo de uma nova história, há mais livros por lançar e mais jovens a divulgar.
    A ideia de formar a Livaningo, teve como base, a criação daquela que foi a primeira editora de livro a cartão no país, Kutsemba Cartão, graças a experiência adquirida de docentes universit’arios dos Estados Unidos da América que estiveram em Moçambique a orientar uma oficina sobre o corte, pintura e análise de textos literários, onde participavam estudantes da Faculdade de Letras e Ciências Sociais da Universidade Eduardo Mondlane (FLCS-UEM) em Maputo.
    A formação que foi dada pelo casal Luís Madureira e Celine Kheldon foi abraçado
    por este grupo de jovens que a medida das suas capacidades foram editando livros a cartão dentro da faculdade o que hoje culmina com a sua junção independente.
    “Tínhamos a faculdade para nos encontrarmos, os meios disponibilizados para o trabalho, mas preferimos que por mais que ficássemos um pouco sacrificados criar a nossa própria editora.” Disse Elcídio Bila para depois explicar o porquê dos três terem se juntado para levar a cabo a iniciativa. “Na criação dessa editora, como éramos muitos estudantes, vimos que não era possível termos todos no projecto e só estamos nós os três. Não foi uma escolha aleatória, foi tudo propositado, um artista plástico, um revisor linguístico e outra pessoa que cuida do design e da paginação e que depois temos algumas funções que exercemos em simultâneo.”

    Livaningo ou Iluminação

    Traduzido literalmente para o português, Livaningo significa Iluminação. Trazer uma luz no caminho dos que tem os seus escritos engavetados, seja porque escrevem há muito tempo e não tem espaço para publicar ou mesmo pela simples timidez de expor o seu talento, é o que pretendem os jovens da Livaningo Livro d’Arte.
    “São as iluminações que queremos dar à literatura porque achamos que ela anda adormecida por vários factores: livros carros, pouca oportunidade para lançamento de novos autores, isto é, os que tem a facilidade de publicar são as mesmas pessoas, nós queremos vir quebrar a maneira monótona de fazer a literatura e dar espaço às pessoas, para além de juntar à arte a ideia de reciclar. Portanto, a Livaningo é também um projecto ecológico, estamos a juntar o pensamento a favor do meio ambiente com a pintura, artesanato, muita arte junta.”
    E é por isso que se chamam Livaningo, palavra originária da língua Changana do sul de Moçambique. Contudo, Elcídio Bila ainda acrescenta que “queremos mostrar a sociedade que como jovens, estudantes e artistas, pensamos de forma diferente.”
    A força de vontade, torna-os sub-carregados, tendo que cumprir com os deveres da faculdade, pessoais e agora, assumindo um trabalho de editar livros. Perguntamos ao Elcídio, quem fala em representação dos restantes integrantes da editora, sobre o tempo que dedicam a esse empreendimento.
    “Normalmente nos encontramos no mínimo três vezes por semana das 16 às 18 horas na minha casa. É nesse tempo que trabalhamos o cartão, desde ao corte, pintura, a própria edição do livro, às vezes é necessário chamar o autor para discutir alguns aspectos ou mesmo para questões organizacionais. Em fim, todo o processo de manufactura é feito durante esses dias.”
    “Por exemplo, nós temos mais trabalho em procurar apresentadores dos livros do que autores para publicar. O apresentador nos é difícil porque não conhece a obra, o autor, nem a editora, então temos que falar com os apresentadores das obras depois de identificarmos.”
    Desafios que levam a Livaningo a ser mais dinâmica e de certa forma, persistente no seu trabalho. Aliás, Elcídio Bila, disse que ao sair da editora da faculdade para criarem a sua editora, estavam cientes das dificuldades que podiam enfrentar. No entanto, sugere que tais dificuldades serão ultrapassadas a medida em que vão publicando mais títulos, se tomar-se em consideração o sucesso obtido dos lançamentos do dia 27 de Julho.
    “Custou-nos muito editar os primeiros livros. Durante esse tempo para tirar as obras passamos por grandes sufoco financeiros. Mas estávamos cientes desse sufoco porque já participamos em oficinas relacionadas com esse trabalho e estávamos preparados. Já sabíamos quanto custa uma caixa de tintas, um agrafador, impressões e fotocópias, portanto, cientes disso, decidimos ir em frente.”
    E para custear as primeiras despesas “tiramos dinheiro dos nossos bolsos, não temos por enquanto algum patrocínio e nem se quer perdemos tempo com isso porque se calhar não vai acontecer, e íamos ficar desmotivados logo a primeira, fazendo com que o projecto parasse num simples sonho. Não queríamos depender de ninguém.”
    Dependendo dos seus bolsos, das obras “Mutxukumetiwa” e “Estatuto e Focalização” foram feitas os primeiros 60 exemplares, sendo 30 para cada título. No decorrer do lançamento, os livros esgotaram e do dinheiro conseguido, produziram mais 60 exemplares, metade para cada título.
    A avaliar pelo sucesso obtido no lançamento a Livaningo conclui “tivemos um pontapé de saída bastante positivo no que diz respeito aos custos, e pelo menos para as próximas edições já teremos dinheiro para comprar tintas, pincéis, para fazer as posteriores fotocópias. Isto será assim: quanto mais vendermos mais exemplares de livros faremos.”
    E se os tempos das boas vendas não se repetiram? “Se tivermos lançamentos pouco satisfatórios teremos mesmo que sofrer porque não fazemos isto por dinheiro, é porque gostamos e sentimos que temos que fazer este trabalho em prol da literatura e da arte no geral.” Explicou Bila.

    Uma editora artesanal

    Em conversa com Elcídio Bila, representante da Livaningo Cartão d’Arte, ficamos a saber mais do que o comum sobre o trabalho feito para a produção dos livros. Conhecemos os bastidores dessa iniciativa.
    No interior do bairro Laulane, arredores da cidade de Maputo, dentro de uma casa está a editora Livaningo. Trata-se da casa do representante que nos fala nesta entrevista, num pequeno
    espaço cedido pelo pai. Aliás, a família dos três jovens, participa como protagonista para tornar real o sonho de ter uma editora que leve livros à todos.
    Depois de deambularem pelas residências dos três, decidiram manter a sede dos seus trabalhos na casa de Elcídio Bila por questões de facilidade de localização e de acesso ao transporte por parte dos outros dois integrantes do projecto.
    Sendo assim “a editora tem apenas três pessoas que dão a cara, mas na verdade há muita gente envolvida no projecto: a minha mãe fornece-nos as caixas que usamos para fazemos as capas dos livros, o meu pai dá-nos algumas tintas, os meus irmãos ajudam-nos nos cortes e a pintar, a irmã do José dos Remédios dá-nos algum material, a esposa do Jossias Guambe e a sua sobrinha também ajudam. Portanto é algo que quando as pessoas vêem sentem-se capazes de dar alguma ajuda. Ficam cativadas ao nos ver a pegar no pincel e fazer as capas. Isto prova que o projecto é de muita gente até dos que vêem aos lançamentos para comprar os livros.”

    ...e não param de sonhar

    Porque a editora é recente, os seus mentores percebem que devem ser mais céleres no seu trabalho, esse é a principal filosofia. Passam dias depois dos primeiros lançamentos e para este mês, há mais dois títulos projectos. Um nos foi revelado e outro, fica para se saber nas vésperas “Com o dinheiro que temos podemos custear os próximos lançamentos. Vamos lançar agora uma colectânea de crónicas de Niosta Cossa, será na Escola de Comunicação e Artes (ECA) com a apresentação do Cremildo Baúle e teremos outro provavelmente de poesia, mas isso ainda será anunciado.”
    A olhar pelo dinamismo dá para se fazer a ideia dos tempos que virão. O representante da Livaningo Cartão d’ Arte, já tece alguns planos para o futuro, mas sem grandes ambições.
    “Termos um lugar onde pudéssemos sentar sem que fosse a minha casa porque há uma certa intimidade a ser violentada. A parte íntima dos meus irmãos a ser invadida. Seria muito bom se tivéssemos um espaço que não dependesse de nenhum de nós.”
    “Agora salários não são nosso desejo. Por mais que chegássemos a uma fase em que fizéssemos 100.000 exemplares não vamos precisar de salário. Porque se os três tivermos salários implica pagar uma série de serviços e colaboradores da editora, terão que ser pagos. E se calhar isso nos pode remeter novamente, à ideia de vendermos o livro a preços elevados. Porque temos editoras que se calhar não fazem preços baixos por causa desses custos. Isso ia levantar questões económicas e voltaríamos a burocracias que pensamos que as outras editoras têm. É tudo artesanal.”

    1 comentários:

    Meus instintos voltaram para mim e me disseram, que a canção é doce e é bela, Dentro de mim está contido, as paixões, ilusões, contendo as emoções da Manuela. Por essa mesma razão, as intimidações me tornaram claras, tenho ainda esta dor dentro de mim, que muitas vezes me marcam estas inquietações. Não paro de gritar!

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