Eduardo Quive
Em jeito de
insitação a uma provável viagem ao seu meio, Niosta Cossa que se propõe ser o
cronista dos próximos tempos depois dos Machado da Graça, Tomás Vieira Mário
entre outros bons nomes que se assinalam neste género raro no país, tornou
oficial o seu estatuto de cronista na semana passada em Maputo, com o lançamento do seu
livro intitulado “Livro Livre”.
Afinal, estamos
perante uma escrita não muito nova, mas para lá das regras clássicas. Estamos
na verdade, diante de um autor que se consolida entre o dizer o que pensa
perante o dizer o que sabe e o que outros pensam. Niosta Cossa não cede à
pressão e nem teme as aventuras. Escreve e descreve de forma sólida, os
problemas periféricos, aliás, tal periferia que vive desde ao seu “agitado”
bairro Laulane aos outros cantos da cidade de Maputo que ele vê com um olhar
crítico.
Na lupa desde
jovem escriba, em “Livro Livre” passam-se cenários como, pressa com que os
homens agem todos os dias, frustração, nostalgia, fome e sede sem falar dos
movimentos que Laulane faz sem estar fora da cidade que é capital de Moçambique
o que lhe faz dizer de viva voz “escrevo por paixão – actualmente amo brincar
com as palavras, construir frases, desconstruir conceitos, inaugurar novos
mundos (ou redescobrir os velhos)”.
A relação deste
autor com o seu meio (meio de todos), leva a uma necessidade de se revisitar um
outro “cronista” que constantemente se camufla na posição de contador de
estórias, Marcelo Panguana, que nas suas obras “O Chão das Coisas” e “Como um
louco ao fim da tarde” faz quese que sistematicamente, uma radiografia dos
problemas do quotidiano, sem deixar de os relacionar com os tempos idos.
O lançamento de
“Livro Livre” de Niosta Cossa, que aconteceu na Escola de Artes e Comunicação
da Universidade Eduardo Mondlane, foi um acto presidido pelo académico Cremildo
Bahule, este que por sua vez, é autor da satírica obra “Carlos Cardoso: um
poeta de consciência profética” e “Babalaze: A Outra Margem da Verdade”.
Para Bahule,
Niosta Cossa é um autor de que o país precisa e vem para enriquecer o
Moçambique literário que se está a consolidar, daí, a leitura de “Livro Livre”
ser não só por necessidade de entretenimento, mas por se tratar de um livro que
fala de um quotidiano por todos conhecido, facto que nos leva a intitular essa
obra de “Livro Livre” de Laulane e arredores.
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