Eduardo Quive
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Escritor Marcelo Panguana lança um novo livro em Maputo |
Como se pode
explicar um fim? Como ele é ou como será? O que dizer perante o mundo que se
acaba? Qual será o tempo final?
Todas estas
questões que podem incomodar o leitor (como a nós incomodam), levam-nos a este,
no mínimo, satírico título do escritor moçambicano Marcelo Panguana, “Conversas
do Fim do Mundo”, que será apresentado em público na próxima quinta-feira, 13
de Setembro, no Instituto Camões – Centro Cultural Português em Maputo.
Realmente,
perante o fim, não se tem nenhum argumento, se não o próprio fim que se
instala, afinal, Marcelo Panguana, autor de outras reflexivas oubras como, “As
Vozes que Falam Verdade” (1987), “A Balada dos Deuses” (1991), “O chão das
coisas” (2003) e “Como um Louco ao Fim da Tarde” (2010), é aquele que não se
cansa de falar o que vê, vive e sente.
É como dizia
Francisco Noa, crítico literário, “na literatura moçambicana o que há de melhor
são contistas e são contos que não se precisa inventar”. Panguana, é esse
escritor que não inventa, usa os “chãos” que tem para contar várias histórias
com o devido cuidado de se perder no texto, típico de jornalista que é Marcelo
Panguana, embora se ocultando.
Em “Conversas do
Fim do Mundo” não encontrará-se um “eu” novo deste escritor, no entanto, há
nessa obra, a novidade dos próprios assuntos retratados, desta vez, em jeito de
críticas de obras literárias moçambicanas, reflexão filosóficas, análise de
assuntos existenciais e, como não podia faltar, tendo em conta o estilo
caracteristico das suas abordagens, interogações do país que vive e de onde é.
“Estou a cumprir
as minhas obrigações como escritor e como cidadão. Vou falar do país, das
coisas que vejo no quotidiano e outros textos que fui produzindo ao longo dos
últimos tempos, na sua maioria já publicados em jornais e revistas e alguns
inéditos”.
A olhar pelas
declarações do autor, tidas em exclusivo pela Literatas, “Conversas do Fim do
Mundo” será o prenúncio dos nossos dias no olhar da lucidez de um literato.
“A Literatura não pode ser tida apenas como uma forma de
proporcionar lazer, mais do que isso, a Literatura é uma forma de intervir.”
O facto deste
livro estar a adiantar-se para o “fim” não implica o fim da carreira de Marcelo
Panguana aos 61 de idade. “um escritor não morre”, disse o escritor.
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